"Um indício de que nos tornamos vítimas do auto-engano é se ficarmos irados quando nossas crenças são questionadas. Em vez de ficarmos irados, é sábio manter a mente aberta e escutar com atenção o que outros dizem - mesmo quando temos certeza de que a nossa opinião está certa. - A Sentinela de 15 de julho de 2003, p.22

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domingo, 6 de julho de 2014

Quem é IHVH?

E O FALSO DEUS “YWHW”
Por Edson Gomes



>>>O deus falso – Jeová foi visto por muitos homens. (Gn 12:7; 17:1; 18: 1 a 8; 26:24; 32: 22 a 32. Êx 3: 1 a 6; 24: 9 a 11; 33: 11 e 18 a 23. Nm 12: 6 a 8. Is 6: 1 a 5. Am 9:1. I Rs 22:19. I Rs 11:9).
***O Deus verdadeiro – Deus Pai foi revelado por Cristo e nunca foi visto por nenhum homem. (Jo 1:18; 5: 37; 6:46. 1° Tm 6:16. 1° Jo 4:12. Cl 1:15. 1° Tm 1:17).
>>>O deus falso cria coisas materiais (Gn 2:6)
***O Deus verdadeiro cria coisas espirituais (Jo 3:6)
>>>O deus falso tem um corpo [Gn 3:8, Ex 33:11, 33:20, 33:22-23, 34:5, Dt 23:14, Ez 1:27, 8:2, Hc 3:3-4]
***O Deus verdadeiro não tem corpo, é simplesmente Espírito [Lc 24:39, Jo 4:24] não tem sexo ele é Espírito (Jo 4:24)
>>>O deus falso é um ser do sexo masculino (Gn 1:26 compare com Gn 2:7)
>>>O deus falso nem sempre sabe e vê todas as coisas. [Gn 3:8, 18:9, 18:21, 22:12, Nm 22:9, Dt 13:3, II Cr 32:31, Jó 1:7, 2:2, Os 8:4]
>Franc
***O Deus verdadeiro é onipotente:Mateus 19:26 "Jesus, fitando neles o olhar, disse-lhes: Isto é impossível aos homens, mas para Deus tudo é possível." )
>>>O deus falso é mal (Isaias 45:7; Lamentações 3:38; Jeremias 18:11; Ezequiel 20:25,26)
***O Deus verdadeiro é o Deus do amor , amar é não suspeitar o mal e não se irritar
>>>O deus falso muda a todo instante (Êxodo 32:14; Gênesis 6:6,7; Jonas 3:10; Reis 20:1-7; Números 16:20-35; Números 16:44-50)
***O Deus verdadeiro não muda Tiago 1:17 "...descendo do Pai das Luzes, em que não pode existir variação, ou sombra de mudança.")
>>>O deus falso nos condena pelos pecados dos nossos pais (Êxodo 20:5; Deuteronômio 5:9; Êxodo 34:6-7
>>>O deus falso gosta de Guerra (Êxodo 15:3 "O SENHOR é homem de guerra." Joel 3:9-10 "...Apregoai guerra santa; suscitai os valentes; cheguem-se, subam todos os homens de guerra. Forjarei espadas de vossas relhas de arado, e lanças de vossas podadeiras; diga o fraco: Eu sou forte.”)
***O Deus verdadeiro não gosta de guerra (Romanos 15:33 "E o Deus da paz seja com todos vós
>>> O deus falso habita nas trevas (I Reis 8:12; II Crônicas 6:1; II Samuel 22:12; Salmos 18:11; Salmos 97:1-2)
***O Deus verdadeiro habita na Luz ( I Timóteo 6:15-16 "...O Rei dos reis e o Senhor dos senhores; o único que possui imortalidade, que habita em luz inacessível, a quem homem nenhum jamais viu." Tiago 1:17 "Toda boa dádiva e todo dom perfeito é lá do alto, descende do pai das luzes..." João 12:35 "Disse-lhes então Jesus: . . . pois quem anda nas trevas não sabe para onde vai."


>>>O deus falso gosta de matança (1 Samuel 15:2,3,7,8; Oséias 14:1)
***O Deus verdadeiro nos deu a vida eterna pelo seu filho.
***O Deus verdadeiro diz que todos somos Espíritos já que nascemos de DELE (Jo 4:24).
>>>O deus falso aceita Sacrifícios Humanos (Gênesis 22:2 "Acrescentou Deus: Toma teu filho, teu único filho, Isaque a quem amas, e vai-te à terra de Moriá; oferece-o ali em holocausto, sobre um dos montes, que eu te mostrarei." Êxodo 22:29 "Não tardarás em trazer ofertas do melhor das tuas ceifas e das tuas vinhas; o primogênito de teus filhos me darás." Juizes 11:30-39 "Fez Jefté um voto ao SENHOR, e disse: Se, com efeito, me entregares os filhos de Amom nas minhas mãos, quem primeiro na porta de minha casa me sair ao encontro, voltando eu vitorioso dos filhos de Amom, esse será do SENHOR, e eu o oferecerei em holocausto. Assim Jefté foi de encontro aos filhos de Amon...e o SENHOR os entregou nas mãos de Jefté...vindo, pois, Jefté a Mispa, a sua casa, saiu-lhe a filha ao seu encontro, com adufes e com danças...ao fim de dois meses, tornou ela para seu pai, o qual lhe fez segundo o voto por ele proferido; assim ela jamais foi possuída por varão." II Samuel 21:8-14 "Porém tomou o rei [Davi] os dois filhos de Rispa...também os cinco filhos de Merabe12...e os entregou nas mãos dos gibeonitas, os quais os enforcaram no monte perante o SENHOR; caíram os sete juntamente. Foram mortos nos dias da ceifa...depois disto Deus se tornou favorável para com a terra." Hebreus 10:10-12 "...temos sido santificados, mediante a oferta do corpo de Jesus Cristo, uma vez por todas... Jesus, porém, tendo oferecido para sempre, um único sacrifico pelos pecados, assentou-se à destra de Deus." I Corintios 5:7 " . . . Porque Cristo, nossa páscoa, já foi sacrificado.")
>>>O deus Falso quer que criancinhas morram [Gn 7:21-22, 19:24, 22:2, Ex 12:30, 21:15, Lv 20:9, Dt 20:16, 21:18-21, Js 10:40, I Sm 15:2-3, II Sm 12:15-18, II Rs 2:23-24, Sl 135:8, 136:10, 137:9, Jr 13:13-14, 19:9, Ez 5:10, Os 9:16, 13:16, Zc 13:3]
***O Deus verdadeiro não quer que crianças morram [Mt 18:14]
>>>O deus falso é mentiroso (1 Reis 22:23; 2 Tess 2:11)
***O Deus verdadeiro é a Verdade
>>>O deus falso gosta de Roubos (Exodo 3:22; 12:35,36)
>>>O deus falso é autor de confusão [Gn 11:7-9]
***O Deus verdadeiro não é autor de confusão [I Co 14:33]
>>>O deus falso prova pessoas (Gn 22:1)
***O Deus verdadeiro não precisa provar ninguém pois é onisciente; Tg 1:13)
***O Deus verdadeiro não ofende ninguém (Mateus 5:22 "...E quem proferir um insulto a seu irmão estará sujeito a julgamento do tribunal; e quem lhe chamar: Tolo, estará sujeito ao inferno de fogo.")
>>>O deus Falso faz pessoas para a perdição (Rm 9:21)
>>>O deus Jeová é o rei deste mundo. (Sl 24:1. Sl 47: 1 a 8. Sl 22;28. Jr 10:7. Jr 27: 4 a 8. Dn 4: 34, 35).
***O Deus Pai e Jesus não reinam neste mundo (Jo 18:36). O NT ensina que quem governa o mundo que estamos é o Maligno (1° Jo 5:19). Os reinos deste mundo estão nas mãos de Satanás (Lc 4: 5 a 8). Para os autores das escrituras neotestamentárias, o deus Jeová é o deus deste mundo, é o Maligno, é Satanás.
>>>Yhwh (JEOVÁ) é na verdade um anjo. Vide:
At 7:38
At 7:53
Gl 3:19
Hb 2:2
Esses textos afirmam que a lei veio dos anjos, e todos nós sabemos que a torah ensina que a lei veio de deus, concluímos que o deus da lei é um anjo usurpador.
O ministério deste anjo, YHWH, terminou em João Batista (Mt 11:13. Lc 16:16).
O ministério do deus do VT é o ministério da morte e condenação (2 Co 3: 7 a 9).
O deus do VT veio para roubar, matar e destruir (Js 8: 1 a 27. Sf 2:9. Is 10: 5 a 7).
O deus de Moisés é o ladrão que veio antes de Cristo (Jo 10: 8 a 10).
Copiado não sei quem é o autor mas assino em baixo

sábado, 18 de janeiro de 2014

Sobre se ungidos seriam de um segundo grupo

da postagem:

https://www.facebook.com/groups/extestemunhasdejeova/permalink/10151829608366636/?comment_id=10151830437091636&offset=0&total_comments=13&notif_t=group_activity


Meu comentário independente

Sempre irão corroborar com algum passado bíblico para justificar seus ensinos, poderiam dizer que Abraão teve de esperar para ver a terra prometida!!! Imaginem só!!
Assim como usaram a história de Nóe, com seus 120 anos, isso seria perfeitamente corrigido com algum outro ensino. Por isso, sugeri que poderiam usar qualquer história bíblica para dar alguma validade ao ensino.
Quem sabe até, alguma profecia de Isaías ou algo similar!
A base do ensino deles é esperança! e isso não acaba nunca!!
É um abismo espiritual!
Contudo, a esperança não depende de esperarmos continuamente algo que talvez nunca se realizaria! Tudo depende de nossas ações agora!! Que futuro estaremos dando a nossos filhos se deixarmos de usar o simples cesto de lixo!!
Se cada um fizer a sua parte, a esperança será sempre de uma humanidade capaz de sobreviver ao mais adverso perigo!
Uma vez que cada um faz a tua parte, juntos não representamos nenhum perigo
As vezes, é importante lembrarmos que neste mundo há muitos perigos. Cada um deve exercer o lívre arbítrio baseado sempre no bem estar daquele que é verdadeiramente teu próximo.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

O que as Testemunhas de Jeová pregavam antigamente: conforme Charles T Russell em seu livro "Mistério Consumado"

Para quem ainda não nunca viu e nem leu o livro "mistério consumado" publicado por Charles Taze Russell, posto aquí algumas idéias que foram aceitas como verdade naqueles idos anos de 1900 e pedrinha. Em breve, postarei uma tradução que alguns amigos estão preparando deste inusitado livro que a Watchtower não tem a coragem de revelar o conteúdo para seus mais de 7 milhões de adeptos que jamais ouviram falar uma palavra sequer desse livro.


E olhe os pontos que consta ali. é algo inacreditável:

Notas do livro Torre de Vigia de 1918, "Mistério Consumado"

1. Charles Taze Russell é o servo fiel e prudente (p.4)

2. Jesus deu a Russell a chave para compreender os mistérios de Deus nos últimos dias (p.6)

3. Jesus é o Alfa e o Ômega, em Apocalipse 01:08, 21:06 e 22:13 (p.15, p.318, p.336)

4. O Adventista Nelson Barbour mostrou Russell prova bíblica de que Jesus estava presente desde 1874 e Russell encontrou essa evidência satisfatória (p. 54)

5. De acordo com Russell, não há necessidade de aprender o hebraico ou grego para obter uma compreensão correta da Bíblia pois os presbiterianos e os metodistas já têm boas versões da Bíblia a preços razoáveis ​​(p. 55)

6. O restante [ungido] será levado para o céu em 1918 (p. 64)

7. Os sete mensageiros do Apocalipse são Paulo, João, Ario, Waldo, Wycliffe, Lutero e Russell (ilustração após página 64)

8. As 7 trombetas em Apocalipse 8:02 são as trombetas dos luteranos, anglicanos, presbiterianos, batistas, metodistas, a Aliança Evangélica e Os Estudantes da Bíblia (gráfico após a página 64)

9. Jesus começou o seu reinado oficialmente em 1878 (p. 66)

10. Lista de três páginas de textos bíblicos que provam que o segundo advento de Jesus ocorreu em 1874 (p.68 - 71)

11. O gigante mencionado em Jó 40: 15-24 é o motor a vapor estacionário (p. 84)

12. O leviatã mencionado em Jó 41:2-19 é a locomotiva (p.85)

13. Os homens valentes em 02:03 Nahum são o condutor da locomotiva e do bombeiro (p.93)

14. De acordo com Êxodo 28:1 e Números 4:46-48, o número da grande multidão será de aproximadamente 411.840.000 (p.103)

15. O cavaleiro no cavalo branco em Apocalipse 6:2 é o representante pessoal de Satanás: o bispo de Roma (p. 106)

16. As estrelas que caíram do céu em Apocalipse 06:13 refere-se à chuva de meteoros em 13 novembro de 1833, que cobriam 11 milhões de quilômetros quadrados. A realização simbólica ocorreu quando os bispos e padres perderam sua influência sobre as mentes e consciência do povo (p.120)

17. Há evidências que provam que a Palestina será re-estabelecida em 1925 (p.128)

18. Os demônios vão invadir as mentes dos membros do cristianismo e os trará para a sua destruição em 1918 (p.128)

19. A Terra foi criada há 48 mil anos (p.139)

20. O "anjo" mencionado em Apocalipse 08:05 é a Sociedade Torre de Vigia e o "incensário" é o livro "Mistério Consumado" divinamente providenciado para a humanidade (p.145)

21. De acordo com Apocalipse 9:15, todas os 177.300.000 protestantes na terra, que representam 1 / 3 de todos os cristãos, serão destruídos em 1918 (p.164)

22. O "tempo do fim" começou em 1799 (p.171)

23. A "Grande Tribulação" começou em 1914 (p.178)

24. Miguel Arcanjo é o Papa de Roma (p.188)

25. As duas asas da mulher em Apocalipse 12:14 é o Antigo Testamento e Novo Testamento (p.191)

26. A Inglaterra é um país satânico porque força exportações de 5 milhões de quilos de ópio para a China a cada ano (p.202)

27. A Grande Pirâmide do Egito confirma o fato de que o tempo da colheita chegou (p.226)

28. Apocalipse 14:20 nos fornece a distância precisa entre Scranton, na Pensilvânia (onde este livro foi escrito) e Betel, em Brooklyn (onde o livro foi impresso) ... 137,9 milhas (p.230)

29. O clero são como cães mudos, porque eles preferem ficar em silêncio em vez de aceitar uma única "verdade" dos escritos de Russell preciosos (p.238)

30. As repúblicas desaparecerão no outono de 1920. Cada nação deixará de existir como eles são engolidos pela anarquia (p. 258)

31. A "glória" do anjo mencionado em Apocalipse 18:01 ilumina a terra, resultando em grandes descobertas e invenções, como os motores elétricos, aviões, o Canal do Panamá, aspiradores de pó, os livros da Torre de Vigia, etc (p.273)

32. A "voz do céu", mencionada em Apocalipse 18:04 é a voz da Torre de Vigia (p.276)

33. De acordo com Apocalipse 18:14, durante o milênio, o clero terá que trabalhar para viver. Isto significa que cada pregador do cristianismo vai ter de gastar 65 centavos para um despertador (p.285)

34. O Deus está sentado no trono em Apocalipse 19:04 é Jesus (p.290)

35. Deus assume total responsabilidade por todo o volume de Estudos das Escrituras (p. 295)

36. O Reino de mil anos começou em 1874 com a segunda vinda de Jesus (p.301, p.386)

37. De acordo com Apocalipse 21:17, o número de ovelhas no final do reinado de mil anos será de aproximadamente 20,7 bilhões (p.323)

38. Quando Russell compreendeu toda a importância da Palavra de Deus, ele tomou uma posição firme. O espírito, poder e influência de Deus entrou nele, para nunca mais sair (p.377)

39. Ezequiel 05:02, 12, 16, 17 refere-se à maneira em que Jerusalém foi destruída em 606BCE e 70-73EC e também se refere à maneira como o cristianismo está sendo destruído entre 1914 e 1918 (p.398)

40. Dia da vingança de Deus começou em 1914 e culminará em 1918 (p.404)

41. O cumprimento literal de Ezequiel 07:19 ocorreu em 1898, quando um moleiro, que agradeceu publicamente a Virgem de pão caro, literalmente jogou o ouro ea prata a uma multidão nas ruas em uma vã tentativa de acalmá-los. Mas eles exigiram a sua vida e levou-o (p.407)

42. De acordo com Ezequiel 11:09, o cristianismo vai literalmente cair nas mãos dos sindicatos trabalhistas, socialistas e anarquistas (p. 425)

43. Os pregadores do cristianismo dizem coisas que se originam de sua própria imaginação (p.432)

44. De acordo com Ezequiel 17:22 e 20:42, o sionismo e o judaísmo prosperarão na Terra, e terão como seus dirigentes Abraão, Isaac, Jacó e outros ressuscitados (p.450, p.462)

45. A congregação mencionados em Ezequiel 23:46 são trabalhadores sindicalizados, socialistas, democratas e anarquistas (p.480)

46. Em cumprimento a Ezequiel 24:15-19, Deus tirou o desejo de Russell por sua esposa, colocando uma praga espiritual sobre ela que a fez "morta" nos olhos de Russell (p.483, p.484)

47. Deus vai destruir todas as igrejas na Terra, incluindo todos os seus milhões de membros em 1918. A expectativa é de que isso irá ocorrer por volta 27 abril de 1918 (p.485, p.513, p.530)

48. Todos os judeus voltarão à sua terra natal de acordo com a promessa de Deus. Russell pregou essa mensagem sionista desde outubro de 1910 (p.536, p.554, p.555)

49. Em 1878, durante a Primeira Ressurreição, Deus levantou os membros do Corpo de Cristo, o "tronco de Davi" (p.539)

50. De acordo com Ezequiel, 40:1, o estabelecimento do Reino na Terra ocorrerá depois de 1918, em 13 anos. (p.569)

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Quem são os 144.000 e a Grande Multidão?

"Há um só corpo, e um só espírito, assim como também fostes chamados em uma só esperança; um só Senhor, uma só fé, um só batismo." - Efésios 4:4-5
Neste texto podemos perceber muito bem que existe apenas uma esperança apenas, para todas as pessoas. O Corpo Governante das Testemunhas de Jeová, que ditam as doutrinas que devem ser seguidas e como devem ser seguidas, não ensinam assim. Eles aplicam a esperança nas escrituras gregas como se referindo a apenas a uma classe, a dos ungidos como dizem e esses ungidos segundo eles pertencem a classe dos 144.000 citados em Apocalipse Capitúlo 7, versículo 4. Eles manipulam textos em favor desse ensino, tais como os textos onde Jesus fala a seus discípulos sobre um pequeno rebanho e de outras ovelhas onde o pequeno rebanho seriam os mesmos 144.000 do texto de Apocalipse 7:9 e ainda vão além, dizendo que as outras ovelhas seriam a grande multidão de Apocalipse 7:9.


Vejamos o texto que o CG das TJ utilizam para reforçar tal crença:


"E tenho outras ovelhas, que não são deste aprisco, a estas também tenho de trazer, e elas escutarão a minha voz e se tornarão um só rebanho, um só pastor." - João 19:16.


Pergunte-se seriamente, quem são estas outras ovelhas? Bem, por ocasião do concílio de Jerusalém em 49 AD, durante o discurso de Thiago, ele se refere ao texto de Amós 9:11,12 para ajudar os presentes a entender que os judeus seriam ajuntados a pessoas das nações para buscar a Jeová. - Atos 15:16,17:


"Depois destas coisas voltarei e reconstruirei a barraca de Davi, que está caída; e reconstruirei as suas ruínas e a erguerei de novo, a fim de que os remanescentes dos homens possam buscar seriamente a Jeová, junto com pessoas de todas as nações, pessoas chamadas por meu nome, diz Jeová..."

Pedro já havia declarado antes, que Deus não mais fazia distinção entre judeus e gentios e que havia abrido as portas para os de todas as outras nações para entrarem para a congregação cristã daqueles dias, treze anos antes quando Cornélio e sua família passaram a fazer parte daquela forma de cristianismo.

EM PARTE ALGUMA da Bíblia se diz que as ovelhas que já estavam nesse aprisco eram os 144 mil, e que as "outras ovelhas" eram da "grande multidão" de Revelação 7:9. A verdade é que as "outras ovelhas" de João 10:16 eram os cristãos DAS NAÇÕES, REUNIDOS AOS SEUS IRMÃOS JUDEUS, sob a liderança do ÚNICO PASTOR, o cabeça da congregação cristã. Jesus cumpriu, assim, o que disse que faria em João 10:16.


O CG faz de tudo para descreditar esse entendimento, na A Sentinela 15 de janeiro de 1981, páginas 23-27. Começa dizendo (página 23, parágrafo 6) que as "igrejas da cristandade" ensinam isso. Com esta expressão, altamente negativa para as Testemunhas, visa-se desacreditar a opinião contrária, além de passar a impressão de que todos que a adotam pertencem a essas igrejas, o que não é verdade, além disso, é um raciocínio falso o de que, pelo mero fato de as igrejas adotarem certo ensino, este ensino esteja automaticamente errado. A maioria delas ensina que a Bíblia é a Palavra de Deus, que Jesus morreu em sacrifício pela humanidade, e que há uma vida eterna pela frente. Isto não torna tais ensinos errados, não é verdade?


No mesmo parágrafo 6, afirma-se que o entendimento de judeus e gentios juntos no "um só rebanho" de João 10:16 "discorda de outros textos bíblicos sobre o assunto". Esta é uma afirmação sem fundamento! Que texto bíblico exclui a possibilidade de Jesus ter se referido aos gentios quando mencionou as "outras ovelhas" em João 10:16? Pessoas de ambos os grupos não vieram, de fato, a ser reunidas por meio da aceitação de Cristo?

Na página 23, parágrafo 7, da mesma revista, o CG põe-se a discorrer sobre o que João "pode muito bem ter recordado" quando registrou as palavras de Jesus no capítulo 10, versículo 16 de seu evangelho. O autor desse artigo de A Sentinela presume que João tinha a respeito dos 144 mil de Revelação o mesmo conceito que a Organização tem hoje. Além de ser uma suposição, ele se esquece de que as palavras de João 10:16 não se originaram do próprio João, que apenas as ouviu e escreveu. Foram palavras do PRÓPRIO JESUS, logo, o que João porventura estivesse pensando naquele momento, nós não sabemos e nem vem ao caso.



Outro argumento empregado pelo CG está em A Sentinela 1/11/1974, páginas 671, 672. Primeiro ela cita vários textos em que Jesus chama seus discípulos de "irmãos". Até aí, tudo bem. Depois, recorda a parábola das ovelhas e cabritos em Mateus 25:31-40, onde no final, Jesus diz às ovelhas que lhe deram assistência simbólica:



"Ao ponto que o fizestes a um dos mínimos destes meus irmãos a mim o fizestes".



Então, vem a conclusão: "revela-se assim que as 'ovelhas' mencionadas aqui são diferentes dos irmãos de Cristo." Pela dedução da Sociedade, não é possível que alguém seja "irmão de Cristo" e "ovelha" ao mesmo tempo, e em João 10:16 Jesus estaria se referindo aos 144 mil e às "outras ovelhas" com esperança terrestre. O CG afirma que os 'irmão de Cristo" são apenas os membros do 144.000, mas o que se revela é justamente o oposto.



Ela, no entanto, aplica outra regra, quando se trata da parábola do "Escravo Fiel e Discreto", de Mateus 24:42-47, onde há o "escravo" e os "domésticos". Em A Sentinela 1/9/81, página 24, ela determina: "o 'escravo' é composto por todos os cristãos ungidos como grupo... os 'domésticos' são esses seguidores de Cristo como indivíduos". Observe bem: neste caso, os cristãos ungidos são, ao mesmo tempo, os que dão o alimento e os que o recebem. E este é um princípio biblicamente correto! O cristão verdadeiro tanto serve aos seus irmãos como é servido por eles. Isto também se ajusta às palavras de Jesus a Pedro, em João 21:17:



"Apascenta as minhas ovelhinhas".



Pedro era também uma das ovelhas de Jesus, presentes no aprisco de João 10:16, e assim mesmo foi admoestado a apascentar outras ovelhas deste aprisco. Do mesmo modo, Pedro tanto poderia ser um dos "irmãos" de Cristo, quanto uma das "ovelhas", na parábola das ovelhas e dos cabritos.



O apóstolo Paulo, em notável paralelo com João 10:16, dirigiu-se a cristãos gentios de Éfeso, descrevendo o processo de unificação dos dois grupos, em Efésios 2:11-18.



"Portanto, persisti em lembrar-vos de que anteriormente éreis pessoas das nações quanto à carne; fostes chamados 'incircuncisão' por aquilo que é chamado 'circuncisão', feita na carne, por mãos - que naquele tempo específico estáveis sem Cristo, APARTADOS do estado de Israel e estranhos aos pactos da promessa, e não tínheis esperança e estáveis sem Deus no mundo. Mas agora, em união com Cristo Jesus, vós, os que outrora estáveis longe chegastes a estar perto pelo sangue de Cristo. Pois ele é a nossa paz, aquele que DAS DUAS PARTES FEZ UMA SÓ, e que DESTRUIU O MURO NO MEIO, QUE OS SEPARAVA. Por meio de sua carne ele aboliu a inimizade, a Lei de mandamentos, consistindo em decretos, para que, DOS DOIS POVOS, EM UNIÃO CONSIGO MESMO, criasse UM NOVO HOMEM e fizesse paz; e para que RECONCILIASSE PLENAMENTE AMBOS OS POVOS COM DEUS, EM EM SÓ CORPO, por intermédio da estaca de tortura, porque ele matara a inimizade por meio de si mesmo. E ele veio e declarou as boas novas da paz a vós, os que estáveis longe, e paz aos que estavam perto, por intermédio dele, NÓS, AMBOS OS POVOS, temos a aproximação ao Pai, por um só espírito."



Eis aqui o processo pelo qual Jesus reuniu num mesmo rebanho as "ovelhas" judias e as "ovelhas" das nações. Se o destino final destes dois grupos fosse, como afirma a Sociedade, respectivamente o céu e a terra, com funções e posições diferentes em relação a Deus e a Cristo, estes dois grupos de ovelhas JAMAIS SE TORNARIAM UM SÓ REBANHO. Estariam antes, definitiva e eternamente separados. De fato, poder-se-ia dizer que acontecerá o inverso, pois, a ser verdadeiro o ensino do CG, os dois rebanhos estariam, até agora, juntos na terra, os membros das "outras ovelhas " com os remanescentes dos 144.000 (cerca de 8.000 participantes dos emblemas). Com o tempo, no entanto, de acordo com o Corpo Governante, estes ungidos restantes morreriam e ressuscitariam aos céus, enquanto que as "outras ovelhas" permaneceriam aqui na terra. Em outras palavras, no final de tudo, os dois grupos ficariam em diferentes apriscos, um no céu e outro na terra. Não é isso, porém, o que está escrito na Palavra de Deus e sim o que está registrado em João 10:16.



Os 144 Mil



Evidentemente, em várias de suas publicações, a Torre de Vigia afirma que várias passagens das Escrituras Gregas se aplicam EXCLUSIVAMENTE AOS 144.000 mencionados em Revelação. Ela diz, por exemplo, que apenas os 144 mil reinarão com Cristo no céu. Já que é preciso fundamento bíblico para isso, podemos considerar os DOIS ÚNICOS textos da Bíblia em que se mencionam os 144 mil.



1) Rev. 7:4 - "E ouvi o número dos selados: cento e quarenta e quatro mil, selados de toda tribo dos filhos de Israel" (E passa a alistar, até o versículo 8, 12 mil selados por CADA TRIBO dos filhos de Israel)



2) Rev. 14:1, 3 - "E eu vi, e eis o Cordeiro em pé no monte Sião, e com ele cento e quarenta e quatro mil, que têm o nome dele e o nome de seu Pai escrito nas suas testas... e ninguém podia aprender esse cântico exceto os cento e quarenta e quatro mil que foram comprados das terra."



Um Entendimento Literal



Como se pode constatar, nenhum dos DOIS ÚNICOS textos bíblicos que se referem aos 144.000 diz que eles REINARÃO COM CRISTO. Os textos afirmam que eles são de toda tribo dos filhos de Israel e que foram comprados da Terra. Mostra, porém, a Bíblia que estes 144 mil seriam os ÚNICOS comprados? Em Revelação 5:9,10, João se refere a um grupo com características diferentes das do grupo dos 144 mil:



"Foste morto e com o teu sangue compraste pessoas para Deus dentre toda tribo, e língua e povo e nação, e fizeste deles um reino e sacerdotes para o nosso Deus, e reinarão sobre a terra."



Este texto não pode estar se referindo aos 144 mil de Rev. 7:4 e 14:1,3, pois estes últimos pertencem a "toda tribo" dos filhos de Israel, enquanto que o grupo mencionado no capítulo 5 é composto de pessoas dentre "toda tribo, língua, povo e nação". Com maior probabilidade, estas palavras se referem à "grande multidão" mencionada em Revelação 7:9:



"Depois destas coisas eu vi, e, eis uma grande multidão, que nenhum homem podia contar de todas as nações, e tribos, e povos e línguas..." Agora, compare Revelação 5:9,10 com Revelação 7:9. Ambos mencionam as mesmas características, isto é, de todas as tribos, povos, línguas e nações, sendo que Revelação 5: 9,10 acrescenta que os desse grupo REINARÃO SOBRE A TERRA. Em seguida, compare estas duas passagens com Revelação 14:1-4: diz-se dos 144 mil que têm o nome de Deus e do Cordeiro em suas testas, que cantam um novo cântico que ninguém mais aprendia, que foram comprados da terra, que não se poluíram com mulheres, que seguem o Cordeiro para onde ele vai e são primícias para Deus, mas EM PARTE ALGUMA diz-se que estes 144 mil REINARÃO sobre a terra! Revelação 20:6 tampouco faz menção aos 144 mil.



É claro, o CG sustenta o contrário, dizendo que Revelação 5:9,10 refere-se ao grupo de Revelação 7:4 e 14:1,3; e que a "grande multidão" de Revelação 7:9 não tem nada a ver com isso. Mas, o que devemos seguir? A Bíblia ou o Corpo Governante? É óbvio, também, que a Sociedade exclui totalmente a possibilidade de que os 144 mil sejam israelitas carnais. Em Revelação - Seu Grandioso Clímax Está Próximo!, página 117, par. 12, ela argumenta que a lista de tribos em Revelação 7:4-8 não pode ser literal porque "diverge da costumeira listagem tribal", citando o capítulo 1 de Números. Quem determinou, porém, que esta listagem de Números, capítulo 1, é a "costumeira"? Em Números 13:4-16 há uma listagem que difere daquela do capítulo 1; em Josué, capítulos 13 ao 19, aparece outra diferente daquelas duas. Já Deuteronômio 33:6-24 apresenta uma listagem diferente de todas as outras. Conclusão: NÃO existe uma "costumeira listagem". E ainda que existisse, é inteiramente arbitrário o argumento de que isso determinaria o entendimento dos 144.000 como não sendo literais.



Outra Explicação: A Figurativa



Há um problema com a interpretação dada pelo Corpo Governante às palavras de Revelação. Todos reconhecem que grande parte do livro tem sentido figurativo. A questão é determinar quando as coisas descritas são FIGURATIVAS ou LITERAIS.



Na interpretação do Corpo Governante (obrigatória para todas as Testemunhas de Jeová) para Rev. 7:4 e 14: 1,3, o número 144.000 tem de ser literal. Já as parcelas de 12.000 têm de ser figurativas, visto que ela rejeita totalmente a possibilidade de que as tribos sejam literais. Se o total é literal, as parcelas tribais também deveriam ser. Se se considerar que as parcelas são figurativas, o mesmo deveria ser aplicado ao total. A interpretação da Sociedade, portanto, não tem coerência.



Ao ensinar a existência de DUAS CLASSES, o Corpo Governante explica que os 144 mil não são do Israel literal, e sim do Israel espiritual, simbólico, e que estes "israelitas" são, de fato, pessoas de todas as nações. Neste caso, o que os distingue da "grande multidão" de Rev. 7:9, que também é formada de pessoas de todas as nações? NADA.



Vale a pena repetir aqui que, em Revelação 5:9, 10, onde se menciona o grupo que reinará com Cristo, não se faz referência alguma aos 144.000, como crê a Sociedade. Para ser coerente e argumentar em favor da participação dos 144 mil no reino, a Sociedade teria de estender a participação no reinado também à grande multidão. Mais uma vez, ela se mostra incoerente e se fixa na existência de DUAS CLASSES.



Se o número de 144 mil for simbólico (o que a Sociedade nega) poderíamos dizer, por exemplo, que ele representa o total de todos os que estarão no céu com Cristo. Defendendo, neste caso, a literalidade, a Sociedade argumenta que em Revelação 7:4 dá-se um número fixo, 144 mil, ao passo que no versículo 9 lemos que "Depois destas coisas" vê-se a "grande multidão" que ninguém podia contar. Por outro lado, ao explicar os vinte e quatro anciãos com coroas de ouro (Rev. 4:4), no livro Revelação - Seu Grandioso Clímax Está Próximo, página 77, parágrafos 8 e 9, o Corpo Governante diz que eles são representativos de TODOS OS UNGIDOS RESSUSCITADOS, isto é, 24 NÃO são realmente 24, mas um número maior! Aqui a Sociedade optou pelo simbolismo, em mais uma prova de incoerência de interpretação. Pergunta-se: se 24 podem representar um número maior de ungidos, por que os 144 mil não podem representar o total dos que vão para o céu com Cristo?



Outro indício em favor do simbolismo desses números está em Revelação 14:3, onde se diz que os 144.000 estão cantando um novo cântico diante dos anciãos, os mesmos que segundo a Sociedade "simbolizam o grupo inteiro dos 144 mil na sua posição celestial." (Clímax de Revelação, página 201, parágrafo 11). O entendimento literal deste versículo implicaria em 144 mil pessoas cantando diante de outras 24. Total: 144.024 pessoas. Este cenário incoerente (do ponto de vista literal) é retratado nas páginas 202 e 203 de Clímax de Revelação. A explicação (interpretação) do CG é que os 144 mil e os 24 anciãos são o mesmo grupo "visto de dois ângulos diferentes". Logicamente vem a pergunta: por que o mesmo não pode se aplicar à "grande multidão"? Vale ressaltar que na gravura das páginas 202 e 203, os dois grupos aparecem usando coroas, embora o texto de Revelação informe que apenas os 24 anciãos têm coroas.




Por outro lado, Revelação 14:3 diz que, mesmo estando presentes os 24 anciãos, ninguém, exceto os 144 mil, podia aprender o "novo cântico". Torna-se realmente, nesta base, muito difícil para a Sociedade sustentar, de modo coerente, que os 144.000 sejam obrigatoriamente um número literal em meio a tantos contextos figurativos.


Ainda falando dos números de Revelação, podemos citar os 7 espíritos (1:4), as 7 estrelas (1:16), os 10 dias (2:10), os 24 tronos e as 7 lâmpadas (4:4,5), as 4 criaturas viventes (4:6,7), os 7 chifres e os 7 olhos do Cordeiro (5:6), a quarta parte da terra (6:8), os 4 anjos e os 4 cantos da terra (7:1), a terça parte das árvores, das criaturas e dos rios (8:7-12). Todos estes são apresentados pela Sociedade como sendo figurativos. Por que também não podem sê-lo os 144.000?


"Diante do Trono"


O ensino oficial da Sociedade Torre de Vigia a respeito dos 144 mil é, conforme vimos, de que apenas eles irão para o céu enquanto que os da "grande multidão" ficarão na terra. Será que há na Bíblia fundamento para tal crença? Será que a Bíblia ensina a existência de duas classes distintas de cristãos?


Para deixar que a própria Bíblia fale, é necessário examinar os textos que o Corpo Governante aplica ao que ele entende como sendo um grupo NO CÉU e outro NA TERRA.


A "grande multidão" é mencionada em Revelação 7:9:


"Depois destas coisas eu vi... uma grande multidão".


Em Revelação 19:1, lemos:


"Depois destas coisas ouvi o que era como a voz alta duma grande multidão NO CÉU".


A Sociedade aplica, arbitrariamente, as palavras de Revelação 5:9 aos 144.000 dizendo que são comprados "dentre toda tribo, e língua e povo e nação". O mesmo, porém, se diz da "grande multidão"em Revelação 7:9, de "todas as nações, e tribos e povos, e línguas".


O texto de Revelação 14:3, segundo o Corpo Governante, se aplica APENAS aos 144 mil, que "estão cantando como que um novo cântico diante do trono". Por esta expressão "diante do trono" a Sociedade entende que os 144 mil estão no céu. Veja, no entanto, o que se declara a respeito da "grande multidão" em Rev. 7:9:


"Eis uma grande multidão em pé DIANTE do trono e DIANTE do Cordeiro".


"Diante do Cordeiro" estão também os 24 anciãos (que segundo a Sociedade, representam os 144 mil) de Revelação 5:8: "...prostraram-se DIANTE do Cordeiro".


Revelação 6:11 diz:


"E a cada um deles foi dada uma comprida veste branca...". Este versículo a Sociedade aplica aos 144.000, os "ungidos" (Clímax de Revelação, pág. 102, par. 11). Todavia, o mesmo se diz da "grande multidão", em Revelação 7:9: "uma grande multidão... trajados de compridas vestes brancas".


O Corpo Governante aplica Revelação 19:1 a pessoas que estão NO CÉU, quando dizem: "A salvação, e a glória e o poder pertencem ao nosso Deus". De modo semelhante ocorre com a "grande multidão" em Revelação 7:10: "Devemos a salvação ao nosso Deus".


Revelação 7:14 ainda nos informa que os da grande multidão, "...lavaram as suas vestes compridas e as embranqueceram no sangue do Cordeiro", enquanto em Rev. 22:14, que segundo a Sociedade se refere aos ungidos (Clímax de Revelação, pág. 317, par. 8) diz: "Felizes aqueles que lavam as suas vestes compridas...".


Por fim, num dos aspectos mais significativos destes paralelos que assemelham os 144 mil à "grande multidão", encontramos o seguinte em Revelação 11:1:


"E foi-me dada uma cana igual a uma vara, ao dizer-me ele: 'Levanta-te e mede [o santuário] do templo de Deus e o altar e os que nele adoram".


Em Clímax de Revelação, página 168, par. 6, a Sociedade explica que essa passagem se aplica aos ungidos, os 144.000. E, tal como em outras passagens, o "templo de Deus" representa o céu. Aí, encontramos em Revelação 7:15, sobre a "grande multidão":


"É por isso que estão diante do trono, e prestam-lhe serviço sagrado, dia e noite, no seu templo".


Tanto em Revelação 11:1 como em Rev. 7:15, a palavra grega para templo é NAÓS, o que deixa bem claro que a "grande multidão" e os 144.000 são descritos pela Bíblia como estando no mesmo lugar, o céu. Ao invés de simples e humildemente aceitar o que diz a respeito do assunto a soberana Palavra de Deus, o Corpo Governante esforça-se para provar que o NAÓS de Revelação 11:1 e o NAÓS de Revelação 7:15 não são a mesma coisa!


Em A Sentinela de 15 de fevereiro de 1981, página 15, a Sociedade diz que NAÓS "muitas vezes refere-se ao santuário interior, que representa o próprio céu". Em seguida, procura demonstrar que NAÓS pode também referir-se ao templo inteiro, ou sua parte exterior, para logo em seguida, arbitrariamente, concluir que a "grande multidão" está servindo a Deus, não no céu, mas no pátio terreno do templo! Chamamos a atenção para o fato de que em parte alguma Revelação diz tal coisa.


Confira o que dizem, a respeito do assunto, outras publicações da Sociedade:


A Sentinela 15 de janeiro de 1961, página 40, diz:


"E HIERÓN referia-se a todo o terreno do templo, ao passo que NAÓS se aplicava ao edifício do próprio templo, sucessor do tabernáculo do deserto".


Também o livro Cumprir-se-á Então o Mistério de Deus (1971), página 260, parágrafo 4, declara:


"O santuário do templo ou NAÓS (em grego) ocupava apenas parte da área do templo".


Como se vê, estas duas publicações da Sociedade distinguiram a área total do templo (grego: hierón) do edifício do templo (grego: naós). Daí, na já citada revista, de 15/02/81, página 15, parágrafo 5, ela se contradiz afirmando que "Fica bem evidente que templo, santuário ou naós, não se referem apenas ao santuário interior, mas à inteira área do templo, com todas as suas edificações".


Toda essa discussão em torno de palavras gregas, todavia, se mostra desnecessária diante do fato simples de que a Bíblia usa a mesma palavra, NAÓS, para descrever o lugar em que se encontram tanto os 144.000 como a "grande multidão". Estão no mesmo lugar, O CÉU! Qualquer coisa que vá além disso, será interpretação humana (1 Coríntios 4:6).


Negando-se a admitir que os da "grande multidão" estão no céu (o templo), à Sociedade não resta outra coisa senão dizer o que lemos em A Sentinela 1 de julho de 1973, página 402, parágrafo 22:


"Esta bela visão apresenta a 'grande multidão' internacional como servindo a Jeová no seu templo, quer dizer, nos pátios terrestres reservados aos que não são israelistas espirituais, como se estivessem no 'pátio dos gentios'".


A interpretação do Corpo Governante da Torre de Vigia coloca a "grande multidão" no "pátio dos gentios". O que diz a Bíblia sobre este pátio? Revelação 11:2 responde:


"Mas, quanto ao pátio que está DE FORA do (santuário) do templo, lança-o completamente fora e não o meças, porque foi dado às nações, e elas pisarão a cidade santa por quarenta e dois meses."


A Tradução Almeida Revista e Atualizada traduz este mesmo versículo por "foi dado aos gentios".


A Tradução Interlinear do Reino (em inglês), publicada pela Sociedade, na página 1089, mostra que a palavra grega em Revelação 11:2 é NAÓS, ou seja, o pátio que está fora do "NAÓS", do templo!


Quanto a este pátio, nenhuma dúvida pode haver de que, no simbolismo de Revelação, ele está na terra, pois é inadmissível que o "pisoteamento" da cidade santa possa ocorrer nos céus.


O texto diz que o pátio deve ser "lançado completamente fora", não deve ser "medido". Fica bem claro que os que nele estão, não estão numa condição aprovada, são opressores da adoração de Deus, e não apoiadores dela. Como é possível, então, que ali esteja a "grande multidão", que afirma dever sua salvação a Deus e ao Cordeiro (Rev. 7:10) e que, diante do trono de Deus, prestam-lhe serviço sagrado, dia e noite, NO SEU TEMPLO? (Rev. 7:15) A Bíblia é clara: a "grande multidão" está no templo e não fora dele! NO CÉU, NÃO NA TERRA.


Para ver de modo bem claro o ponto de vista da Sociedade, compare a gravura do templo na página 17 de A Sentinela 15 de fevereiro de 1981 com a planta e a gravura do templo que aparecem na página 1534 da Tradução do Novo Mundo Com Referências (1986), e verá que é exatamente no pátio dos gentios, "lançado completamente fora" e "não medido", que a Sociedade coloca a "grande multidão". Resta alguma dúvida de que a Bíblia diz uma coisa e o Corpo Governante ensina outra?



















O "Pequeno Rebanho"


Há ainda o texto de Lucas 12:32, que a Torre de Vigia acredita referir-se também a um número fixo de 144.000 pessoas. O que ele diz?


"Não temas, pequeno rebanho, porque aprouve a vosso Pai dar-vos o Reino".


Na ótica da Sociedade, o "pequeno rebanho" contrasta-se com a "grande multidão". Seria preciso, no entanto, haver apoio bíblico para este entendimento, e tal apoio não existe. Esta passagem e as que falam dos 144 mil não estão no mesmo contexto. Em parte alguma da Bíblia se faz ligação entre Lucas 12:32 e Revelação 7:4 e 14:1. Tampouco é difícil entender o que Jesus quis dizer com estas palavras, "pequeno rebanho". A quem Jesus tinha diante dele quando as proferiu? Lucas 12:22 nos informa que, naquele momento, Jesus se dirigia aos seus discípulos, os discípulos que ele tinha NA OCASIÃO, e estes eram poucos, um grupo pequeno. Nada mais apropriado, então, que, ao encorajá-los com a promessa do reino, ele os chamasse de "pequeno rebanho". Caso se pretenda dar a estas palavras um alcance maior do que o daquele momento, e aplicá-los aos cristãos de todas as épocas, podemos lembrar-nos do que o próprio Jesus ensinou em Mateus 7:13, 14. Em relação aos muitos que rejeitariam segui-lo, preferindo a "larga e espaçosa estrada da destruição", o número de seus seguidores, que acham o "caminho estreito e apertado da vida", seriam sempre poucos. A própria "grande multidão" torna-se pequena em comparação à população total da terra que perde a oportunidade de entrar no rebanho de Cristo.


Conclusão


Quase todos os textos que se aplicam aos 144 mil também se aplicam à "grande multidão". Contudo, menciona-se dos 144 mil que são selados (Rev. 7:4), que eles estão de pé no monte Sião (Rev. 14:1), e que só eles podem aprender o novo cântico (Rev. 14:4). É verdade que não se diz isto da "grande multidão". Por outro lado, não é dos 144 mil que se diz que "hão de reinar sobre a terra", em Revelação 5:9, 10. NÃO HÁ MENÇÃO AOS 144 mil no capítulo 5, embora a Sociedade insista em dizer que estes dois versículos se aplicam a eles. A Sociedade deixa de levar em conta que os mencionados em Revelação 5:9,10 são "comprados dentre toda tribo, língua, povo e nação". Revelação só afirma a mesma coisa a respeito da "grande multidão" (Rev. 7:9). É destes, de toda tribo, povo, língua e nação, que se faz um "reino e sacerdotes" (Rev. 5:10). Em momento algum, no capítulo 5 de Revelação, se relaciona isto aos 144 mil. No capítulo 20, versículo 6, diz-se dos que têm parte na primeira ressurreição que "serão sacerdotes de Deus e do Cristo, e reinarão com ele [durante] os mil anos". A Sociedade também aplica isto aos 144 mil, mas novamente os 144 mil não são mencionados neste capítulo. Igualmente não se fala dos 144 mil como sentados em tronos e como usando coroas de ouro, isto só é dito dos 24 anciãos (Rev. 4:4). A Sociedade ensina que os 24 anciãos representam os 144 mil, mas em Revelação 14:4 fala-se deles como grupos separados, um diante do outro (Clímax de Revelação, páginas 202, 203).


Se tomarmos o texto de Revelação só pelo que ele diz, os 144 mil não reinarão com Cristo. Mas, se pensarmos bem, devemos levar em conta também o que ele NÃO diz! Como assim? Revelação NÃO diz que os 144 mil NÃO reinarão com Cristo, como também NÃO diz que a "grande multidão" está na terra. Revelação diz que os 144 mil estão no Monte Sião, mas NÃO diz que os da "grande multidão" NÃO estão. Revelação NÃO diz que os da "grande multidão" não são selados. Em muitos casos, Revelação AFIRMA coisas mas NÃO NEGA outras!


Se aceitarmos os 144 mil como número literal, temos de aceitar também como literais as parcelas tribais de 12.000, e as próprias tribos de Israel em Rev. 7:4-8 como sendo literais, carnais. E assim mesmo, eles não seriam os ÚNICOS a ir para o céu, pois Revelação, como já vimos, retrata a "grande multidão" como estando lá. Esta é, pelo menos, uma interpretação coerente.


Se, por outro lado, considerarmos os 144 mil como mais um número figurativo dentre tantos outros números figurativos de Revelação, poderemos muito bem entendê-los como representativos de TODOS OS QUE VÃO PARA O CÉU, do mesmo modo que os 24 anciãos podem representar a totalidade dos 144 mil. Poderíamos entender os 144 mil como simbólicos, um número ideal, a soma completa de todos os que se tornam israelitas espirituais, independentemente de quantos eles venham a ser. A "grande multidão", neste caso, poderia simplesmente representar TAMBÉM os israelitas espirituais, vistos do ponto de vista da realidade, o cumprimento do ideal simbólico representado pelos 144 mil. Esta é, também, uma interpretação coerente com os simbolismos de Revelação.


A própria Sociedade, outrora, considerava a "grande multidão" também como CLASSE CELESTIAL (livro Proclamadores, página 161), vindo a mudar sua interpretação em 1935, por meio de um discurso que Joseph Rutherford proferiu em Washington em 31 de maio daquele ano (Proclamadores, páginas 166 - 168, e A Sentinela 1/03/1988, página 12). Ele, Rutherford, proveu esta interpretação, à qual, nem as Testemunhas de Jeová daquela época, nem as da atualidade é permitido refutar.


Não temos aqui a pretensão de Rutherford e do Corpo Governante atual, de sermos porta-vozes de Deus, ou "seu canal exclusivo". Tampouco achamos que somos "dirigidos pelo espírito santo", como se auto-proclama a Sociedade Torre de Vigia, mesmo tendo já cometido inúmeros e graves erros no campo das profecias, das doutrinas e das normas de saúde.


O que aqui se veicula é uma opinião humana (tal como as da Sociedade), formada com base na leitura de vários textos bíblicos. Que os que a virem, possam julgar por si próprios quanto à sua procedência ou não.


No entanto, um ponto está bem claro em nossas mentes: a Bíblia mostra que os 144 mil e a "grande multidão" estão juntos NO CÉU.


Suscita-se uma pergunta: por que se apega a organização, de modo tão ferrenho, à sua interpretação oficial, já que se mostra em desacordo com a Palavra de Deus? É simples: sem tal entendimento, desapareceria todo o arcabouço de autoridade que ela reivindica para si com o ensino de DOIS GRUPOS - UM NO CÉU E O OUTRO NA TERRA; UM GOVERNANDO E OUTRO SENDO GOVERNADO. E, afinal de contas, é exatamente desse modo que ela perpetua sua autoridade!


O que aqui foi considerado, naturalmente, levantará questões quanto à continuidade da vida na terra, quem ficará sobre ela, os "novos céus e a nova terra" de 2Pedro 3:13, o reinado de mil anos de Cristo e outras. No momento, só podemos dizer que NADA DO QUE FOI DITO aqui elimina essas expectativas. Muitos dos arranjos futuros de Deus, afinal de contas, sairão dos novos rolos.


Do que Jeová estabeleceu em Sua Palavra, TUDO se cumprirá, e nisso CONFIAMOS PLENAMENTE.


Fonte:  http://www.testemunha.com.br/conteudo.asp?cod=14





domingo, 13 de novembro de 2011

"Jerusalém, Jerusalém..." (Mateus 23:37,38)

"Jerusalém, Jerusalém..." (Mateus 23:37,38)


Mensagempor IrmaoEmCristo em 13 Nov 2011 08:34

Mateus 23: 37, 38

"Jerusalém, Jerusalém... eis que a vossa casa vos ficará deserta."

Problema:

Esta passagem é referida pelas T.J. como o "decreto de divórcio irrevogável"(1) e é associada a outras passagens como Rom. 2:29 para justificar a aplicação das profecias da restauração do Israel natural em um "sentido espiritual".

Resposta:

1. "Irrevogável" sugere o oposto exato do que esta passagem em Mateus afirma. A passagem não é um "decreto de divórcio irrevogável", mas uma declaração condicional: "Declaro-vos, pois, que, desde agora, já não me vereis, até que venhais a dizer: bendito o que vem em nome do senhor!" (v. 38, confira com Ezequiel 21:27).

2. Esta passgem tem um paralelo em Jeremias 3:8, no qual Deus dá a Israel uma carta de divórcio dizendo: "Eu despedi a pérfida Israel e lhe dei carta de divórcio" Mas Deus concede-lhe misericórdia: "Não farei cair a minha ira sobre ti, porque eu sou compassivo, diz o SENHOR, e não manterei para sempre a minha ira." (Jer. 3:12, cf. v. 13 - 15). Deus não rejeitou o seu povo. (Romanos 11:1). A casa de Israel dirá, "Bendito o que vem em nome do senhor!" (Mat. 23:39), já que "Veio endurecimento em parte a Israel, até que haja entrado a plenitude dos gentios." (Rom. 11:25, cf. Isa. 59:20, 21; Heb. 8:8; Jer. 31:31 - 34).

3. Não sendo infalível, um estudante da Bíblia ao longo dos anos pode mudar a sua ideia sobre a interpretação de passagens altamente simbólicas ou obscuras nas Escrituras, mas as T.J mudam doutrinas fundamentais. Isto é um ponto importante. As T.J. devem apresentar uma explicação como a sua organização pode afirmar ser uma teocracia de verdade absoluta e no entanto revisa o seu ensino de um tema do Evangelho que afeta o entendimento de centenas de passagens em muitos livros da Bíblia tanto no Antigo como no Novo Testamento.

4. O ensino contraditório das T.J.:

O que as T.J primeiro ensinavam:

"Encontramos afirmações tanto dos profetas como dos apóstolos que claramente indicam que em tempos de restituição, Israel como nação será a primeira de entre as nações a estar em harmonia com a nova ordem de coisas; que a antiga Jerusalém será reconstruída sobre seus montes, e que a sua governo será restaurado como no princípio sob príncipes ou juízes. (Isa 1:26; Sal. 45:16; Jer. 30:18). (3) O Plano Divino das Eras, p. 294

O que ensinam agora:

"Os fatos e profecias provam que os Judeus naturais nunca mais serão um povo escolhido e recongregado. " Que Deus seja Verdadeiro, p. 208 (2) (edição de 1946).

O que as T.J. primeiro ensinavam:

"Israel agora [1921) está sendo recongregado, e está reconstruindo a Palestina como predito". A harpa de Deus, p. 256 (4)

O que ensinam agora:

"Daí a re-congregação dos Israelitas naturais descrentes à Palestina não pode ser interpretado como o cumprimento de profecias." Que Deus Seja Verdadeiro, p. 218. (edição de 1952). (5)

5. É a reivindicação das T.J que "pregar em harmonia com a Palavra revelada de Deus" é o que "prova alguém para ser ministro"(6) Então quem tomamos por ministro, os escritores T.J. antigos ou os modernos?

6. Pode uma "verdadeira testemunha" provar como errado as "claras indicações" postuladas por outra "verdadeira testemunha" e no entanto ambas manterem-se "testemunhas fieis e verdadeiras"?

7. A descendência carnal constitui um Judeu, um súdito do reino mas não lhe confere o direito de se sentar e governar nos tronos da Casa de David. Todos os Judeus e Gentios que se tornam Judeus "interiormente" (Rom. 2:29; 9:6-8) reinarão como reis associados com o Messias. (2 Tim. 2:12; Rev. 5:10). As T.J. confundem a posição nacional de Israel como súditos do reino com a posição dos santos que serão os governantes.

Notas de roda-pé:

(1)The Watchtower, (Aug. 1, 1962), No. 15, Vol. LXXXVIII, p. 475.

(2)"Let God Be True", (Brooklyn, N.Y.: Watch Tower Bible & Tract Society, 1946), p. 208.

(3)Charles T. Russell, A Helping Hand: Millennial Dawn Vol. 1. The Divine Plan of the Ages, (Pennsylvania: Watch Tower Bible & Tract Society, 1886), P. 294, This publication is still referred to in Watchtower articles. See The Watchtower, (March 1, 1965). No. 5, Vol. LXXXVI, p. 155.

(4)J. F. Rutherford, The Harp of God, (Brooklyn, N.Y.: Watch Tower Bible & Tract Society, 1921), p. 256.

(5)"Let God Be True", (Brooklyn, N.Y.: Watchtower Bible and Tract Society, Inc., 1952), p. 218.

(6) Ibid. p. 224.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Doutrinas das Testemunhas de Jeová

"O modo de sentir do povo é simples e elementar. O esquema de interpretação do mundo só tem dois pólos: positivo e negativo, bem ou mal. As massas têm uma inteligência modesta. A propaganda deve basear-se em pouquíssimos pontos, repetidos incessantemente."

Adolf Hitler

"É um assunto sério representar a Deus e Cristo de um modo, e então descobrir que nosso entendimento dos principais ensinos e doutrinas fundamentais estavam em erro, e depois disso, retornar às mesmas doutrinas que, por anos de estudo, havíamos demonstrado amplamente estarem em erro. Os cristãos não podem estar vacilando - 'indo e vindo' - em tais ensinos fundamentais. Que confiança pode-se ter na sinceridade ou julgamento de tais pessoas?"

Revista A Sentinela de 15 de Maio de 1976

"Qual deve ser sua reação se lhe apresentarem prova de que aquilo em que você crê é errado?"

Livro "Poderá Viver para Sempre...", p. 32

"Uma religião que ensina mentiras não pode ser verdadeira."

Revista A Sentinela de 1 de Dezembro de 1991, p. 7

"Para se chegar à verdade, devemos despojar nossa mente e coração de preconceitos religiosos. Devemos deixar que Deus fale por si mesmo. Qualquer outra conduta só levaria a mais confusão."

Livro "Seja Deus Verdadeiro", p. 8

O Dicionário da Língua Portuguesa de Celso P. Luft (Editora Scipione) define a palavra "doutrina" como significando: a) Conjunto de princípios norteadores de religião, filosofia, política etc; b) Tudo o que é objeto de ensino ou c) Instrução cristã. Esse amplo espectro de definição abrange plenamente o objeto de estudo deste artigo, pois faremos um exame cronologicamente ordenado dos mais relevantes princípios, ensinos e declarações feitos pela Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados - entidade governante das Testemunhas de Jeová - em mais de um século de sua existência.
Cremos que tal exame proverá ao leitor a oportunidade ímpar de acompanhar toda a evolução doutrinária desta denominação religiosa. Contudo, o leitor poderá fazer mais que isso - de posse das informações aqui fornecidas, será capaz de visualizar cada instante histórico deste movimento religioso, a partir de seus primórdios, na figura de seu fundador, Charles T. Russell (1852 - 1916) e ao longo das quatro presidências que se seguiram a ele. Na verdade - cremos - a partir desta incursão, será possível testemunhar uma autêntica e gradativa metamorfose nos ensinos da religião, ao ponto de torná-la, na atualidade, quase irreconhecível se comparada àquele pequeno grupo de Estudantes da Bíblia (nome inicial das Testemunhas de Jeová) no início do século 20. Da mesma forma, um adepto atual dificilmente reconheceria sua religião se pudesse olhar para ela há 50 ou 100 anos atrás. De fato, há uma controvérsia histórica quanto a quem a entidade deve sua origem. De acordo com a publicação Proclamadores (1993), cap. 5, as Testemunhas de Jeová consideram como iniciador de seu movimento o 'pastor' Russell. Todavia, os atuais remanescentes dos antigos Estudantes da Bíblia (http://www.biblestudents.net/abs/history.htm) - os quais preservam, inclusive, o nome original - insistem afirmando que esta visão corresponde a um grosseiro equívoco, pois o sucessor de Russell, o autoproclamado 'juiz' J. F. Rutherford - contrariando o testamento de seu antecessor e mestre - assumiu o controle da organização e introduziu, de forma autoritária, mudanças radicais, desfigurando-a e desviando-a de seu propósito original ao ponto de tornar inevitável uma 'rachadura' no movimento - o cisma de 1917, apenas um prólogo.
É a ele, Rutherford, e somente a ele que os atuais Estudantes da Bíblia (ou Russelitas) atribuem o surgimento daqueles a quem o público em geral conhece pelo nome Testemunhas de Jeová - título, aliás, criado pelo próprio Rutherford no ano de 1931. Segundo Chandler Sterling - um crítico da época - com este título atingiam-se dois objetivos simultaneamente: primeiro, estabelecia-se uma distinção formal entre grupo de Rutherford e aqueles que não aceitaram submeter-se à sua política administrativa; segundo, os Estudantes da Bíblia passariam, a partir desta mudança, a endereçar a si mesmos todas as passagens ou profecias bíblicas que contivessem a palavra 'testemunho' ou 'testemunhar' (Proclamadores, p. 152) . Conforme a história mostraria, as suspeitas de Sterling não eram infundadas.
Com o surgimento de diversos grupos dissidentes, a identidade dos genuínos seguidores do 'pastor' Russell, de fato, tornou-se um tanto obscura. Eleger hoje as Testemunhas de Jeová - ou qualquer dos inúmeros ramos que irradiaram-se a partir daquele começo - como herdeiros do espólio doutrinário de Russell torna-se meramente uma questão de ponto de vista. Se considerarmos o êxito econômico, sem dúvida a Sociedade Torre de Vigia - entre as diversas entidades surgidas - tem suas razões para reivindicar tal prerrogativa, afinal ela atingiu níveis de prosperidade e difusão junto ao público que superam em muito aqueles alcançados por suas rivais. É dela o maior patrimônio em complexos de edifícios ao redor do mundo, em fazendas e em colossais gráficas. Também ela divulgou mais literatura que qualquer uma de suas concorrentes. Seus dirigentes evocam tais números como evidência do favor divino - um critério, no mínimo, questionável. Se, por outro lado - ao invés do aspecto material - considerarmos a estrita aderência aos princípios e doutrinas tenazmente defendidos por Russell até sua morte, o panorama adquire outro aspecto. Pudesse ele voltar da sepultura, dificilmente reconheceria na estrutura doutrinária e hierárquica das Testemunhas de Jeová a continuação do pequeno e singelo movimento que ele iniciara durante a efervescente atmosfera religiosa do final do século 19. É nosso desejo que a seqüência de ensinamentos aqui mostrada - repleta de mudanças estruturais - possa proporcionar ao leitor subsídios que o habilitem a fazer uma avaliação imparcial dessa questão.
Uma fascinante viagem, fecunda em reviravoltas doutrinárias e contrastes, coloca-se diante de nós. Venha conosco e compreenda, afinal, o longo processo que transformou um pequeno grupo de estudantes da Bíblia - reunidos há mais de um século em eclésias simples e independentes - numa vasta corporação centralizadora, com milhões de adeptos no mundo inteiro. Talvez, ao final da jornada, você leitor considere compreensível o fato de a maior parte desta informação ser mantida - pela organização - tão distante quanto possível dos olhos dos prospectivos membros. De fato, você terá visto muito mais do que qualquer um deles jamais sonhou ver...
Neste trabalho, cada ponto (doutrina, ensino ou declaração) será sempre acompanhado da respectiva referência, oriunda das próprias publicações das Testemunhas de Jeová (quando possível, será fornecida a fotocópia do documento). Cremos que, sendo provenientes da própria religião, as provas terão considerável força. Quando apropriado, comentários serão introduzidos, com a finalidade de escrutinar a matéria em questão e facilitar a compreensão do leitor. Uma vez formado o cenário social e histórico de cada momento, será mais fácil compreender o por quê desta ou daquela declaração. Os resultados parecem consistentes com a tese de que nenhum grupo religioso é imune às crendices de seu tempo.
Obs.: a maior parte da literatura aqui citada corresponde às edições originais em língua inglesa, de modo que poderá não haver a exata correspondência com as versões em português, especialmente tratando-se de números mais antigos. Ademais, alguns exemplares muito antigos são extremamente raros em língua portuguesa. Além disso, achamos conveniente acrescentar grifos aos trechos mais importantes.

"Devem estes sinais ser interpretados como literais ou simbólicos? E será que eles já se cumpriram? Nós respondemos que eles tiveram um cumprimento literal, e agora estão tendo estão tendo um cumprimento simbólico muito mais momentoso. Em 19 de maio de 1780 [...] um escurecimento fenomenal do sol ocorreu...cobrindo 320.000 milhas quadradas... [na] Nova Inglaterra e Estados Centrais... não deve ser surpresa para nós... que Deus porventura utilize a 'terra da liberdade' para enviar a mensagem destes sinais ao mundo... Ele se satisfaz em enviar, a partir do mesmo lugar, muitas das modernas bênçãos e invenções... bem simbolizadas pela... estátua da 'Liberdade iluminando o mundo'."
- Estudos das Escrituras IV, 1897, pp. 585,587,588 (em inglês)
"As palavras de Nosso Senhor tiveram um cumprimento na maravilhosa chuva de meteoros da manhã de 13 de Novembro de 1833... estes sinais literais servem ao seu propósito designado de chamar a atenção para o Tempo do Fim."
- Estudos das Escrituras IV, 1897, pp. 588, 590 (em inglês)
Comentário:
Vemos aqui uma pequena demonstração da mentalidade, por assim dizer, "apocalíptica" do 'pastor' Russell, buscando, em fenômenos astronômicos, tais como eclipses e chuvas de meteoros, argumentos para situar o cumprimento das profecias bíblicas em seu próprio tempo. Todavia, ele não foi um pioneiro. Tal atitude nada mais era do que um produto da atmosfera religiosa prevalente nos EUA ao final do século 19 - dando origem a diversos movimentos religiosos, entre eles o Adventismo. É também digno de nota o indisfarçado patriotismo de Russell, claramente evidenciado por seu louvor ufanista à América - 'terra da liberdade' escolhida por Deus - e ao símbolo maior de New York - a estátua da liberdade.

"Assim, reconheço estar endividado com os adventistas e com outras denominações... embora o Adventismo não me tenha ajudado em nenhuma verdade específica, ajudou-me grandemente a desaprender erros, e assim me preparou para a Verdade."
- Zion's Watch Tower (A Sentinela), 15 de julho de 1906, p. 229 [p. 3821 na reimpressão]
"...dentro de trinta anos após o início do Tempo do Fim (1260+30=1290), um trabalho de purificação... começaria dentre o povo santo... Contando de 539 A.D., os 1290 dias simbólicos terminaram em 1829... um movimento religioso... geralmente conhecido como 'Segundos Adventistas' ou 'Milleristas'... começou em 1829... o trabalho de separação do 'movimento de Milller' começou no tempo previsto..."
- Estudos das Escrituras III, 1891, pp. 83,84 e 88 (em inglês)
"Esta mensagem concernente ao Reino do [arcanjo] Miguel, abrindo-se de 1829 em diante, é simbolicamente representada no livro de 'Revelação'..."
- Estudos das Escrituras III, 1891, p. 89 (em inglês)
"...e assim houve expectativa e movimentação correspondentes da parte de muitos (posteriormente chamados Adventistas) liderados principalmente por um irmão Batista chamado William Miller... Isto culminou no ano de 1844 A.D., exatamente trinta antes de 1874, quando Cristo..., de fato, chegou..."
- Estudos das Escrituras II, 1888, pp. 240,241 (em inglês)
"A aplicação que o Sr. Miller fez dos três tempos e meio foi praticamente a mesma que nós fizemos, mas ele cometeu o erro de não começar os períodos de 1290 e 1335 [dias] no mesmo ponto... O desapontamento foi predito para o primeiro movimento..., mas o segundo não foi um desapontamento..., pois o cumprimento veio exatamente... em Outubro de 1874."
- Estudos das Escrituras III, 1891, pp. 85-93 (em inglês)
"... a data exata para o início do 'Tempo do Fim'... mostra ser a invasão de Napoleão ao Egito... Ele navegou em maio de 1798... e chegou à França em 9 de outubro de 1799."
- Estudos das Escrituras III, 1891, p. 44 (em inglês)
"Napoleão iniciou sua campanha egípcia em 1798,... e, sendo completada em 1799, marca, de acordo com as próprias palavras do profeta, o começo do 'Tempo do Fim'."
- A Harpa de Deus, 1921, pp. 228-229 (em inglês)
"Ao final de 1260 anos, o poder da verdade e de suas testemunhas foi manifestado (1799 A.D.)."
- Estudos das Escrituras II, 1888, p. 256 (em inglês)
"O 'Tempo do Fim', um período de cento e quinze (115) anos, de 1799 A.D. a 1914 A.D., é particularmente assinalado nas Escrituras... ninguém poderia entender a profecia antes de 1799... o início do 'Tempo do Fim', dentro de cujos limites todo vestígio deste sistema desaparecerá..."
- Estudos das Escrituras III, 1891, pp. 23, 24 e 48 (em inglês)
"O domínio papal... foi quebrado no início do 'Tempo do Fim' - 1799"
- Estudos das Escrituras IV, 1897, p. 37 (em inglês)
"O 'Tempo do Fim' abrange um período que vai de 1799 até o tempo de completa derrocada do império de Satanás e o estabelecimento do Reino do Messias."
- Criação, 1927, p. 37 (em inglês)
"Mil duzentos e sessenta anos a partir de 539 A.D. levam-nos a 1799, o que é outra prova de que 1799 marca o início do 'Tempo do Fim'".
- Criação, 1927, p. 294 (em inglês)
"Os fatos indisputáveis, por conseguinte, mostram que o 'tempo do fim' começou em 1799..."
- Watchtower (A Sentinela) de 1/3/1922
"Em simbologia bíblica, um tempo significa um ano de doze meses com trinta dias cada, ou 360 dias. Cada dia é considerado como um ano... Aqui são mencionados, então, três tempos e meio de 360 dias proféticos cada, ou um total de 1260 dias proféticos, igual a 1260 anos.... de 539 A.D. ... até 1799 - outra prova de que 1799 marca o início do 'tempo do fim'."
- A Harpa de Deus, 1921, pp. 229,230 (em inglês)
"Neste capítulo, nós apresentamos a evidência bíblica que indica que seis mil anos a partir da criação de Adão completaram-se em 1874; e que assim, desde 1872, nós entramos cronologicamente no sétimo [período] do Milênio..."
- Estudos das Escrituras II, 1913, editorial 33 (em inglês)
"Nosso Senhor, o Rei designado, está agora presente, desde Outubro de 1874..."
- Estudos das Escrituras IV, 1913, editorial 621 (em inglês)
"É com base em tais e tantas correspondências - de acordo com as mais sólidas leis conhecidas da ciência - que nós afirmamos que, escrituralmente, cientificamente , historicamente , a cronologia presente está correta além de qualquer dúvida. Sua confiabilidade foi abundantemente confirmada pelas datas e eventos de 1874... é uma base segura sobre a qual os filhos consagrados de Deus podem se empenhar na busca pelas coisas que estão por vir"
Watchtower (A Sentinela) de 15/6/1922, p. 187
"A profecia bíblica mostra que o Senhor apareceria pela segunda vez no ano de 1874. A profecia cumprida mostra, além de dúvida, que ele realmente apareceu em 1874... estes fatos são indisputáveis."
- Watchtower (A Sentinela) de 1/11/1922, p.333
"Certamente não há o menor espaço para dúvida na mente de um filho verdadeiramente consagrado de Deus que o Senhor Jesus está presente e tem estado desde 1874."
Watchtower (A Sentinela) de 1/11/1924, p. 5
"... esta medida [numa passagem da pirâmide] é de 3416 polegadas, simbolizando 3416 anos... Este cálculo mostra o ano de 1874 A.D. como marcando o início do período de tribulação..."
- Estudos das Escrituras III, 1897, editorial 342 (em inglês)
“...refere-se à Grande Pirâmide, cujas medidas confirmam o ensino bíblico de que 1878 marcou o começo da colheita...”
- A Sentinela de 1/10/1917, p. 6149 (em inglês)
Comentário:
As matérias acima descrevem bem aquele que foi - por décadas a fio - o pilar fundamental da obra do 'pastor' Russell - o cálculo escatológico dos Adventistas, o qual apontava para o início 'tempo do fim' no período 1798/1799 e a 'segunda vinda' de Cristo em 1874. A piramidologia - comum entre os adventistas daquela época - serviu, até 1928, como base para confirmar a correção de tais cálculos. Perceba o leitor a firmeza e convicção com que este ensino foi reiteradamente enfatizado pela Sociedade Torre de Vigia, mesmo após a morte de Russell , em 1916. Termos como "indisputável", "seguro", "exato", "além de qualquer dúvida" ou "provas", conforme se pode ver, permeiam os artigos. Hoje em dia, nenhuma Testemunha de Jeová vê qualquer significado nessas datas tão tenazmente defendidas por Russell. Na verdade, é notável a convicção com que elas defendem hoje um cálculo completamente diferente daquele apresentado como uma "base segura" pelo fundador de sua religião. Nem 1799 correspondeu ao início do 'tempo do fim' ; nem Cristo retornou em 1874; nem a "colheita" realizou-se em 1878; nem o 'armagedom' ocorreu em 1914. Pela escatologia atual, tanto o 'tempo do fim' quanto a 'segunda vinda' de Cristo foram convenientemente transferidos para 1914 e a "colheita" para 1918. Quanto ao 'armagedom', mais de cinco datas diferentes já foram propostas - 1914, 1918, 1925, 1941, 1975 e assim por diante. Diante do contraste aqui encontrado, é natural perguntar: quando, exatamente, esteve a Sociedade Torre de Vigia em erro? Ao defender as "verdades passadas", décadas atrás, ou quando defende as "verdades presentes"? Ou em ambas?

"Já que você saberia por qual nome distinguir-me dos outros, eu lhe digo que eu seria, e espero ser, um Cristão; e escolho, se Deus por acaso tiver-me como merecedor, ser chamado um Cristão, um crente, ou qualquer outro nome que seja aprovado pelo Espírito santo. Quanto àqueles títulos facciosos (ou sectários) como Anabatista, Presbiteriano, Independente, ou coisa semelhante, eu concluo que eles não vieram de Antioquia nem de Jerusalém, mas do inferno e de Babilônia, pois eles tendem a divisões; você poderá conhecê-los por seus frutos." (Grifo acrescentado)
- A Sentinela de abril de 1882, pp. 7 e 8 (em inglês)
" 'Cristãos´ é o único nome pelo qual precisamos ser chamados."
- A Sentinela de março/abril de 1883, p. 458 (em inglês)
Comentário:
A postura do 'pastor' Russell com respeito à adoção de um nome distintivo não dava margem para dúvidas - tal recurso era visto como uma característica própria das seitas e 'divisões'. Contudo, após as sucessivas rupturas ocorridas no movimento durante os anos seguintes à morte de seu fundador, seu sucessor - J. F. Rutherford - achou estrategicamente apropriada a adoção de um novo nome, criado por ele próprio. Indiferente ao entendimento de seu predecessor e mestre, adotou o 'faccioso' título de "Testemunhas de Jeová" - anunciando-o perante uma platéia excitada, durante um congresso em 1931. Conforme mencionado no início desse artigo, o livro Proclamadores (p. 152) cita o escritor Chandler Sterling como tendo atribuído à ação de Rutherford - classificada por ele como "golpe de gênio - dois propósitos: 1) dar uma identidade oficial ao grupo dele e 2) criar o ensejo para os membros da religião aplicarem a si mesmos todas as passagens bíblicas que contivessem os termos 'testemunha' e 'testemunhar'. Muito embora o livro negue tais asserções, curiosamente, um exame mais detido da obra acaba por confirmar, na prática, a segunda afirmação, pois, em seus capítulos iniciais, chama todos os antigos servos de Deus - inclusive Jesus Cristo - de 'testemunhas de Jeová'. Mesmo cientes de que, historicamente, nenhum deles adotou oficialmente tal nome, os editores do livro consideram válido tal recurso, pois cumpre um propósito específico: gera, na mente do leitor, um vínculo ideológico e histórico entre o grupo atual e tais personagens bíblicos.

"Pela mesma razão de que Jesus não organizou congregações enquanto presente com seus discípulos na colheita judaica, não consideramos conveniente ou necessário ter organizações, mesmo simples e não sectárias como aquelas estabelecidas pelos apóstolos."
- A Sentinela de outubro de 1883, p. 536 (reimpressão em inglês)
"Não há qualquer organização hoje investida de autoridade."
- A Sentinela de 1/9/1893, p. 1573 (em inglês)
"Acautele-se contra 'organizações'... é algo completamente desnecessário.A Bíblia constitui a única autoridade de que você precisará. Não tente prender a consciência de outros nem permita que outros prendam a sua. Creia e obedeça até onde você compreende a Palavra de Deus hoje e assim continue a crescer na graça e no conhecimento dia a dia."
Zion's Watch Tower, 1895, p. 216
Comentário 1:
Queira o leitor notar o contraste entre as declarações acima e algumas outras - feitas pela mesma organização - algumas décadas depois...
"Nós resolvemos obedecer todas as instruções recebidas da Torre de Vigia, sabendo que tal procede dos altos poderes, Jeová Deus e Jesus Cristo. Nós resolvemos ser completamente obedientes à Sociedade como parte visível da Grande Teocracia."
- A Sentinela de 1/2/1940, p. 47 (em inglês)
"Assim sendo, além de possuirmos individualmente a palavra de Deus, nós precisamos de uma organização teocrática."
- A Sentinela de 15/6/1951, p. 375 (em inglês)
"Nós devemos seguir docilmente junto com a organização teocrática do Senhor e esperar por mais esclarecimento, ao invés de recuar na primeira menção de um pensamento intragável para nós e começar a polemizar e emitir críticas, como se tais coisas fossem mais importantes do que as provisões de alimento espiritual do 'escravo' [a organização]."
- A Sentinela de 1/2/1952, p. 80 (em inglês)
"Jeová Deus lida com seu povo como uma classe... ele não nutre ninguém individualmente..."
- Anuário de 1953, p. 9 (em inglês)
"A Bíblia é um livro de organização e não pode ser plenamente entendida sem termos a organização teocrática em mente..."
- A Sentinela de 1/9/1954, p. 529 (em inglês)
"Se temos amor a Jeová e pela organização de seu povo, não seremos desconfiados, mas, como diz a Bíblia, 'acreditaremos em todas as coisas', todas as coisas que a Torre de Vigia publicar..."
- Qualificados para ser Ministros, 1955, p. 156 (em inglês)
"Se sentirmos que há algo errado, 'guardaremos o mandamento' de nosso Pai e daremos qualquer passo teocrático aberto para nós e, então, 'esperaremos em Jeová'... Nós não... criticaremos ou acharemos defeito. Perceberemos que Jeová está seguindo com sua organização, e se Ele permite que seja assim, quem somos nós para acharmos que deveria ser diferente? ... nós estamos muito mais seguros dentro dessa organização, mesmo com essas dificuldades menores do que estaríamos lá fora, onde o caos e a destruição nos aguardam...""
- A Sentinela de 1/5/1957, p. 284 (em inglês)
"A Bíblia é um livro organizacional e pertence à congregação cristã como organização, não a indivíduos, não importa quão sinceramente eles acreditem que podem interpretar a Bíblia."
- A Sentinela de 1/10/1967, p. 587 (em inglês)
"Deposite em uma Organização Vitoriosa"
- A Sentinela de 1/3/1979, p. 1 (em inglês)
"...Deus sempre usou uma organização..."
- A Sentinela de 15/2/1983, p. 12 (em inglês)
"Nós não podemos tomar parte em nenhuma versão moderna de idolatria - sejam gestos de adoração diante de uma imagem... ou a atribuição da salvação a uma pessoa ou organização."
- A Sentinela de 1/11/1990, p. 26 (em inglês)
"...Isso inclui sermos leais ao 'escravo fiel e discreto' [a organização]."
- A Sentinela de 1/12/1990, p. 19 (em inglês)
Comentário 2:
É, deveras, chocante o contraste entre o arranjo descentralizado, proposto inicialmente por Russell, e o sistema autoritário gradualmente implantado por seus sucessores e vigente até hoje. Raras vezes na história se apelou tão veementemente por submissão à autoridade humana - em nome de Deus. A mensagem é clara - as Testemunhas de Jeová devem depositar fé na organização e manter-se obedientes a ela, mesmo quando parece-lhes óbvio que ela está em erro. Na prática, os dirigentes da Sociedade Torre de Vigia parecem, inconscientemente, ter feito uma aplicação distorcida do texto em Apocalipse 14: 4, "Estes são os que seguem o Cordeiro aonde quer que ele vá", vertendo-o por "estes são os que seguem a Sociedade Torre de Vigia aonde quer que ela vá". Não seria isso - conforme diz a própria organização - uma "versão moderna de idolatria"?

"A destilaria, a cervejaria, o bar, o bordel, a casa lotérica, todos os negócios de 'passa-tempo' e corruptores do caráter serão fechados... similarmente, a construção de vasos de guerra, a manufatura de munições de guerra e defesa cessarão, e os exércitos serão dispersos. O Novo Reino não terá necessidade destes, mas terá poder abundante para executar justiça sumária na punição de malfeitores... Os bancos e os negócios de corretagem... muito úteis nas condições presentes, não mais terão lugar;... e o capital privado e o dinheiro para emprestar ou para ser procurado serão coisas do passado. Proprietários e imobiliárias também encontrarão novo trabalho, pois o novo Rei não reconhecerá escrituras ou patentes agora registradas... com as conveniências atuais, se todas as pessoas fossem postas para trabalhar sistemática e sabiamente, não mais do que três horas de labuta para cada indivíduo seriam necessárias."
- Estudos das Escrituras IV, 1897, pp. 633-635 (em inglês)
"Você disporá dos serviços dos melhores decoradores que há. Alguns deles costumavam ser agentes funerários; mas, visto que não há mais pessoas morrendo, eles terão sido obrigados a procurar uma nova ocupação. Sua experiência como agentes funerários os preparou para tornarem-se decoradores com pouquíssima dificuldade."
- O Caminho para o Paraíso, 1924, p. 228 (em inglês)
"Gravidade negativa... nova descoberta... Muitos ficam imaginando como os acidentes serão evitados durante o reinado de Cristo. A Maioria dos acidentes se deve à gravidade e seus efeitos. Cair de aviões pode ser evitado por um dispositivo individual de gravidade negativa."
A Idade de Ouro de 24/3/1926, p. 404 (em inglês)
"No Novo Mundo, Abraão pode ser o governante da cidade de Nova Iorque. Isaque talvez seja o governante de Chicago e talvez Jacó seja colocado em Londres. Seu sogro, Labão, era um diplomata... Muito brevemente, nós cremos, Abraão retornará da sepultura."
A Idade de Ouro de 5/10/1927, pp. 26 e 29 (em inglês)
Comentário:
A visão russellita do paraíso é sui generis se comparada à esperança da maioria das religiões - cristãs ou não-cristãs - as quais pregam a bem-aventurança celestial. Russell propõe um mundo abstêmio (uma espécie de 'lei seca'), sem propriedades particulares, sem dinheiro, sem fronteiras, sem exército ou polícia e com julgamentos sumários. Seus sucessores foram mais longe, introduzindo uma roupagem de ficção científica. A imaginação "ganhou asas" numa odisséia verdadeiramente pitoresca e muitos milhares compartilharam este delírio. Tal mundo visionário - reconstituído com tantas minúcias - teve seu ponto de partida, provavelmente, na associação de Russell com adventistas, como George Storrs e outros que criam num paraíso material na terra. Com o passar do tempo, a Sociedade Torre de Vigia - percebendo o potencial deste recurso em arrebanhar novos adeptos - buscou tornar tal mundo imaginário cada vez mais atraente aos olhos dos prospectivos membros, enriquecendo-o com cores e sofisticação. Evidentemente, na falta de apoio bíblico incontestável para essa doutrina e na ausência de detalhes das condições nesse mundo onírico, recriá-lo é uma tarefa que vaga ao sabor das aspirações, da cultura e dos objetivos de quem o concebe. É interessante como, até certo ponto, o modelo inicial de Russell aproxima-se bastante do ideal socialista de Karl Marx - "de cada um, conforme sua capacidade; a cada um, conforme sua necessidade".

"Percebam que nãonenhuma ordem nas Escrituras contra o serviço militar."
- A Sentinela de 1/8/1898, p. 231 (em inglês)
"Não deveria haver nada contra nossa consciência em entrar nas forças armadas. Aonde quer que estivéssemos poderíamos levar o Senhor conosco, e aonde quer que fôssemos poderíamos encontrar oportunidades de servir a ele e à sua causa."
- A Sentinela de 15/4/1903, p. 120 (em inglês)
Um exame dos fatos históricos mostra que as Testemunhas de Jeová não somente recusaram vestir uniformes militares e pegar em armas, durante o último meio século, ou mais, mas que também recusaram fazer serviços não-combatentes ou aceitar outro serviço militar.”
- Unidos na Adoração do Único Deus Verdadeiro (1983), p.167
Embora se empenhassem em fazer o que achavam que agradava a Deus, sua posição nem sempre foi de estrita neutralidade... alguns entraram nas trincheiras das linhas de combate com fuzis e baionetas. Mas, ... atiravam no ar ou tentavam simplesmente derrubar a arma das mãos do inimigo. Nesta ocasião... os antecedentes de modo geral dos Estudantes da Bíblia não eram bem como os dos primitivos cristãos..."
- Proclamadores (1993), p. 191 (em português)
Comentário:
Em poucas áreas doutrinais podem-se constatar posturas tão discrepantes através dos tempos quanto na questão do serviço militar. Conforme se vê acima, Russell não via qualquer base bíblica para fazer objeção ao serviço militar. Tanto é verdade que a própria Sociedade Torre de Vigia admite que seus membros foram à I Guerra. Hoje em dia, as Testemunhas de Jeová são impedidas de prestar o serviço militar ao preço de seus direitos políticos e, às vezes, de sua liberdade. Como não bastasse a reviravolta doutrinária, a organização busca, ao menos, minimizar o dano da transigência daqueles que - sob seu consentimento - pegaram em armas na I Guerra. Conforme se vê no último artigo, a Sociedade Torre de Vigia tenta "pasteurizar" uma versão fantástica, segundo a qual, eles "atiravam para o ar" ou "tentavam derrubar a arma" do inimigo. É tarefa bastante difícil explicar o que é que cristãos fardados faziam em uma trincheira - com armas à mão - se seu propósito era o de não atirar ou de fingir atirar. Por outro lado, requer uma boa dose de ingenuidade ou pouca familiaridade com as condições em um front de batalha para propor essa explicação. Tente o leitor imaginar um grupo de soldados em uma trincheira, com baionetas na mão, sob fogo cerrado de fuzis, granadas, bombas e tanques, respondendo com tiros para o alto ou indo em direção ao inimigo para tentar derrubar-lhe a arma com as mãos. Tal reconstituição - trágica e cômica, ao mesmo tempo - representa um extraordinário teatro de morte e, se alguma vez ocorreu, serve apenas como evidência de que os Estudantes da Bíblia - por temor das autoridades - fingiam ser soldados e, por agirem assim, cometiam o equivalente a suicídio no campo de batalha.

"Deus... evidentemente tem sido um respeitador das raças, e tem abençoado especialmente e favorecido certos ramos da raça Ariana na Europa e América... a raça branca tem sido mais abundantemente abençoada com a luz das boas novas do que as outras... a igreja eleita será provavelmente composta principalmente da altamente favorecida raça branca... "
- A Bíblia versus A Teoria da Evolução, 1898, pp. 30,31 (em inglês)
"Há cerca de 100 irmãos de cor na lista da Torre de Vigia... nós recebemos cartas de algum deles... expressando surpresa que nós tenhamos, na chamada por voluntários, na edição de 1o. de Março de 1900, restringido a pesquisa às igrejas Protestantes brancas... a razão é que, tanto quanto somos capazes de avaliar, as pessoas de cor tem menos educação do que as brancas... muitas delas insuficiente para que possam ter proveito a partir de tal leitura... Nossa conclusão é que a leitura de matéria distribuída para uma congregação de pessoas de cor resultaria em desperdício de mais da metade... a literatura da Torre de Vigia é introduzida para pessoas de cor, não para circulação promíscua, mas só para aqueles que tem atenção pela verdade.
- Torre de Vigia de Sião 15/4/1900, p. 122 (em inglês)
"De negro a branco ele lentamente mudou... o Reverendo William H. Draper... deu uma viva resposta afirmativa à famosa pergunta bíblica, 'pode o Etíope mudar sua pele...? Tendo sido uma vez negro como carvão, [ele] é agora branco. Seu povo diz que sua cor mudou em resposta a uma oração."
- Torre de Vigia de Sião 1/10/1900, p. 296 (em inglês)
"...É verdade que a raça branca exibe algumas qualidades de superioridade sobre qualquer outra... há grandes diferenças na mesma família caucasiana... O segredo da maior inteligência e aptidão dos caucasianos, indubitavelmente é, em grande medida, para ser atribuído à mistura de sangue dentre seus diversos ramos; e isto foi evidentemente forçado em larga medida pelo controle divino."
- Torre de Vigia de Sião de 15/7/1902, p. 216 (em inglês)
"Pode o Etíope mudar a cor de sua pele? Não. Mas... o que o Etíope não pode fazer por si mesmo Deus poderia prontamente fazer por ele... Deus pode mudar a pele etíope em seu devido tempo..."
- Torre de Vigia de Sião de 15/7/1904, pp. 52,53 (em inglês)
"...as diversas raças da humanidade provavelmente terão seus interesses espirituais como Novas Criaturas melhor preservados por alguma medida de separação."
Estudos das Escrituras - Vol III (1904), p. 490 (em inglês)
"As raças negra e latina provavelmente sempre serão inclinadas à superstição."
- Torre de Vigia de Sião de 1/4/1908, p. 99 (em inglês)
"Nós poderíamos ter previsto que muitas pessoas de cor estariam profundamente interessadas no Fotodrama da Criação. Mas não nos causou impressão até que gradualmente seu número crescesse até cerca de 25% da platéia. É claro, nós ficamos satisfeitos em vê-los... Nós tínhamos o mesmo sentimento, respeitando-os como os demais; mas logo discernimos que não era uma questão de sentimento, mas que, enquanto as pessoas de cor de N. York compõem cerca de 5% da população, em nossas platéias eles são 25% e aumentando. O que faremos? Enquanto o comparecimento de pessoas de cor aumentava, proporcionalmente o número de brancos diminuía... a maioria dos brancos prefere não se misturar com outras raças. Reconhecendo que isso significaria o sucesso ou o fracasso do empreendimento do drama com respeito aos brancos, fomos compelidos a designar os amigos de cor para a galeria... Alguns se sentiram ofendidos com esse arranjo. Nós recebemos numerosas cartas de irmãos de cor, alguns declarando que não é correto fazer uma distinção, outros com indignação e amargura, denunciando-nos como inimigos dos povos de cor... Fomos obrigados a explicar os fatos, assegurando a todos o nosso interesse amoroso nas pessoas de cor... Nós novamente sugerimos que se um lugar disponível fosse encontrado para apresentar o drama... para pessoas de cor, ficaríamos satisfeitos em fazê-lo... Um pouco mais e o Reino do Milênio será inaugurado, trazendo restituição a toda a humanidade - restituição à perfeição de mente e corpo, aspecto e cor, ao grande padrão original..."
- A Sentinela de 1/4/1914, pp. 110,111 (em inglês)
"Educação de Negros em Cincinnati - Negros por toda a cidade vão a esta escola por opção. Eles sentem que podem ter melhores oportunidades permanecendo em seu próprio grupo, e estão provavelmente certos... sob as condições imperfeitas presentes, uma sábia segregação é provavelmente uma vantagem para todos os envolvidos."
A Idade de Ouro de 1/10/1919, p. 8 (em inglês)
"Eles [os negros] têm sido e são uma raça de serviçais... Não há no mundo um serviçal tão bom quanto um bom serviçal de cor, e a satisfação que ele obtém por prestar um fiel serviço é uma das mais puras satisfações que há no mundo."
A Idade de Ouro de 24/7/1929, p. 207 (em inglês)
"Realmente, nossos irmãos de cor tem um grande motivo para alegrar-se. A raça deles é dócil e educável..."
- A Sentinela de 1/2/1952, p. 95 (em inglês)
"O cristão, sendo realístico, precisa encarar a vida como é - não como quer que seja. Em alguns poucos lugares, existem até mesmo leis que tornam ilegais os casamentos interraciais. Neste caso, os cristãos estão sob obrigação bíblica de obedecer a elas, visto que tais leis não lhes tornam impossível adorar a Deus... Então, [o cristão] deverá tomar em consideração o fator de um casamento interracial criar, ou não, um sério efeito adverso na atitude das pessoas na sua comunidade para com esta obra de proclamar o Reino."
- A Sentinela de 1/7/1974, pp. 415, 416 (em português)
Comentário:
Os artigos acima são desconhecidos pela esmagadora maioria das Testemunhas de Jeová, afinal eles representam um chocante contraste com a mensagem atual da religião. Não precisamos deduzir, à base do exposto acima, que o 'pastor' Russell fosse, do seu próprio ponto de vista, uma pessoa racista. Na verdade, ele simplesmente endossou os conceitos (ou preconceitos) comumente aceitos na sociedade e na época em que ele vivia. De fato, os que pensavam como ele julgavam que suas conclusões estavam de acordo com a ciência e a teologia. Era comum a crença de que a maldição bíblica de Noé sobre Canaã (Gên. 9:24-27) teria dado origem à raça negra e que, no paraíso, a humanidade seria restaurada à raça perfeita. Que esta era a mentalidade predominante da época é bem atestado pelo fato de tais conceitos estarem presentes na literatura da Sociedade Torre de Vigia mais de uma década após a morte de Russell. Décadas depois, em 1974, ela sugere a obediência a leis racistas de alguns países em nome da 'obra de pregação' - uma atitude um tanto estranha se considerarmos que a luta pela igualdade racial deveria ser um estandarte cristão perante o mundo. O princípio bíblico é de "obedecer a Deus como governante antes que aos homens" (Atos 5: 29). Além disso, Cristo disse: "Vós sois a luz do mundo." (Mateus 5: 14) A questão, pois, permanece: poderiam os genuínos cristãos ser contaminados com conceitos racistas de uma época? Dever-se-iam sujeitar a leis racistas por qualquer que fosse o motivo?

"Mais ainda, não só achamos que as pessoas não podem ver o plano divino estudando somente a Bíblia, mas pensamos também que se alguém deixar de lado os "Scripture Studies" ["Estudos das Escrituras"], mesmo que seja depois de os ter usado, depois de se ter familiarizado com esses livros, depois de os ter lido durante dez anos - se ele depois os deixa de lado e os ignora e se vira somente para a Bíblia, embora tenha compreendido a Bíblia durante dez anos, a nossa experiência mostra que dentro de dois anos ele fica na escuridão. Por outro lado, se ele tivesse somente lido os "Scripture Studies" ["Estudos das Escrituras"] com as referências, e não tivesse lido uma página diretamente da Bíblia, ele estaria na luz no fim desses dois anos, porque teria a luz das Escrituras."
- A Sentinela de 1/12/ 1916, p. 357 (em inglês)
"Pergunta: Poderá a leitura da Bíblia... conduzir alguém à verdade? Resposta: Não... a mais valiosa literatura para fazer alguém entender a Bíblia é publicada pela Associação Internacional dos Estudantes da Bíblia [Testemunhas de Jeová]."
A Idade de Ouro de 27/7/1927, pp. 700,701 (em inglês)
"Se você passar 15 minutos lendo cada um dos livros de Rutherford, terá mais prazer do que lendo a Bíblia por um ano inteiro."
Vindicação III, 1932, p. 383 (em inglês)
"A menos que estejamos em contato com este canal de comunicação usado por Deus, não avançaremos na estrada da vida, não importa o quanto leiamos a Bíblia."
- A Sentinela de 1/8/1982, p. 27 (em português)
Comentário:
As declarações acima são assombrosas (particularmente, a primeira e a terceira), tanto se considerarmos sua extraordinária presunção em relação ao cristianismo quanto pelo fato de que, a despeito da ênfase dada à obra "Estudos das Escrituras" - da autoria de Russell - nenhuma página dela é hoje impressa pela Sociedade Torre de Vigia e praticamente nenhuma Testemunha de Jeová da atualidade jamais a leu. Quanto aos escritos de Rutherford - apesar de "mais prazerosos" do que a leitura da Bíblia - nenhum deles está disponível às Testemunhas hoje. Estarão essas pessoas em "escuridão"?

"...com o fim de 1914 A.D., aquilo que Deus chama Babilônia, e aquilo que os homens chamam Cristandade, terá passado, como já mostrado a partir da profecia."
- Estudos das Escrituras III, 1891, p. 153 (em inglês)
"...o fim pleno do tempo dos Gentios... será alcançado em 1914 A. D... esta data será o último limite para o domínio dos homens imperfeitos... a Igreja [será] levada para casa em um arrebatamento... porque cada membro reinará com Cristo..."
- Estudos das Escrituras II, 1888, pp. 76,77 (em inglês)
"A data para o encerramento desta 'batalha' está definitivamente marcada nas Escrituras como sendo outubro de 1914. Ela já está em progresso, seu início datando de outubro de 1874."
- Torre de Vigia de Sião de 15/1/1892, pp. 52,53 (em inglês)
"Nós apresentamos prova de que... a 'batalha do grande dia do Deus Todo-Poderoso' (Rev. 16: 14)... terminará em 1914 A.D., com a vitória completa sobre o governo terrestre..."
- Estudos das Escrituras III, 1905, editorial 26 (em inglês)
"Não vemos nenhuma razão para mudar os números, nem poderíamos nós mudá-los se quiséssemos. Eles são, nós cremos, datas de Deus, não nossas. Tenha em mente que o fim de 1914 não é a data do começo, mas do fim do tempo de tribulação. Não vemos qualquer razão para mudarmos de opinião..."
- Torre de Vigia de Sião de 15/7/1894, p. 1677 (reimpressão em inglês)
"O Tempo do Gentios prova que os governos atuais devem todos ser substituídos por volta do fim de 1914 A.D... e, do mesmo modo, a derrota da assim chamada 'cristandade' deve ser esperada para se seguir imediatamente."
- Estudos das Escrituras II, 1888, pp. 242, 245 (em inglês)
"...a completa destruição dos poderes... deste mundo maligno - político, financeiro, eclesiástico - por volta do fim do Tempo dos gentios, outubro de 1914."
- Estudos das Escrituras IV, 1897, pp. 604,622 (em inglês)
Quando Urano e Júpiter se encontrarem no signo benigno de Aquário em 1914, a era há muito prometida terá tido um belo começo na obra de libertar os homens na busca de sua própria salvação e assegurará a realização final dos sonhos e ideais de todos os poetas e sagas da História."
- A Sentinela de 1/5/1903, pp. 130 e 131 ou p. 3184 na reimpressão (em inglês)
"Estudando a palavra de Deus, nós contamos os 2520 anos, os sete tempos simbólicos, a partir do ano de 606 A.C. e vimos que isso levava a outubro de 1914, tão próximo quanto fomos capazes de calcular. Nós não afirmamos positivamente que este seria o ano."
- A Sentinela de 1/11/ 1914, p. 325 (em inglês)
"A 'batalha do grande dia do Deus Todo-Poderoso' (Rev. 16: 14)... terminará em 1915 A.D., com a vitória completa sobre o governo terrestre...... consideramos uma verdade estabelecida que o final dos reinos deste mundo, e o completo estabelecimento do reino de Deus, se cumprirão próximo do fim de 1915 A.D."
- Estudos das Escrituras III, 1915, editorial 101 e 99 (em inglês)
"Não há dúvida de que Satanás acreditava que o Reino do Milênio estava para começar em 1915."
- O Mistério Consumado, 1917, p. 128 (em inglês)
"A data apresentada... à luz das Escrituras precedentes, prova que a primavera de 1918 trará sobre a cristandade um espasmo de angústia maior ainda do que aquele experimentado na chegada de 1914."
- O Mistério Consumado, 1917, p. 62 (em inglês)
"Parece conclusivo que as 'dores de aflição' da Sião Nominal estão fixadas na passagem de 1918... há razões para crer que os anjos caídos invadirão as mentes de muitos da igreja nominal, levando-os a uma conduta excessivamente tola e culminando com sua destruição às mãos de massas enfurecidas... Também, no ano de 1918, quando Deus destruir as igrejas e seus membros aos milhões..."
- O Mistério Consumado, 1917, pp. 128,129 e 485 (em inglês)
"...Até as repúblicas desaparecerão na chegada de 1920."
- O Mistério Consumado, 1917, p. 258 (em inglês)
"Seja como for, há evidência de que o estabelecimento do Reino na Palestina será provavelmente em 1925, dez anos mais tarde do que nós uma vez tínhamos calculado [isto é, 1915]."
- O Mistério Consumado, 1917, p. 128 (em inglês)
"A data 1925 é ainda mais distintamente indicada pelas Escrituras, pois é fixada pela lei que Deus concedeu a Israel."
- A Sentinela de 1/9/1922, p. 262 (em inglês)
"Temos tanta razão, ou mais, para crer que o reino será estabelecido em 1925 do que Noé tinha para crer que haveria um dilúvio?... nosso pensamento é que 1925 está marcado definitivamente nas escrituras... Quanto a Noé, os cristãos agora têm mais sobre o que apoiar sua fé do que Noé tinha..."
- A Sentinela de 1/3/1923, p. 106 (em inglês)
"Por conseguinte, nós podemos esperar confiantemente que 1925 marcará o retorno de Abraão, Isaque, Jacó e os profetas fiéis da antiguidade... um cálculo simples dos jubileus traz-nos a este importante fato."
- Milhões que Agora Vivem Nunca Morrerão, 1920, pp. 88-90 (em inglês)
"Esta cronologia não é de homem algum, mas de Deus.'
- A Sentinela de 15/7/1922, p. 217 (em inglês)
"Não há dúvida de que muitos meninos e meninas que lêem este livro viverão para ver Abraão, Isaque, Jacó, José, Daniel e aqueles outros homens da antiguidade chegarem..."
- O Caminho para o Paraíso, 1924, p. 224 (em inglês)
"O ano de 1925 é uma data definitivamente e claramente marcada nas Escrituras, ainda mais claramente do que 1914."
- A Sentinela de 1924, p. 211 (em inglês)
"O ano de 1925 chegou... Com grande expectativa... Muitos têm crido que todos os membros do corpo de Cristo serão trasladados para a glória celestial durante este ano. Isto pode se cumprir. Pode não se cumprir..."
- A Sentinela de 1/1/1925, p. 3 (em inglês)
"Deve-se esperar que Satanás tentará incutir na mente dos dedicados o pensamento de que 1925 levaria a obra a seu fim..."
- A Sentinela de 1/9/1925, p. 262 (em inglês)
"Houve uma medida de desapontamento da parte dos servos de Jeová na terra com respeito aos anos de 1914, 1918 e 1925... e eles também aprenderam a deixar de fixar datas para o futuro e de predizer o que viria a acontecer em uma certa data..."
- Vindicação I, 1931, pp. 338,339 (em inglês)
"... os meses que restam antes do Armagedom."
- A Sentinela de 15/9/1941, p. 288 (em inglês)
"Devemos presumir, à base deste estudo, que a batalha do Armagedom já terá acabado até o outono de 1975 e que o reinado milenar de Cristo, há muito aguardado, começará então? Possivelmente... A diferença talvez envolva apenas semanas, ou meses, não anos."
- A Sentinela de 15/2/1969, p. 115 (em português)
"Não deveríamos pensar que este ano de 1975 não seja de significado para nós, pois a Bíblia prova que Jeová é o 'Grande Cronologista'..."
- A Sentinela de 1/5/1975, p. 285 (em inglês)
"Desde 1870, os Estudantes da Bíblia têm estado servindo com uma data em mente - primeiro 1914, depois 1925. Agora eles percebem que devem servir por tanto tempo quanto Deus desejar."
- A Sentinela de 1/11/ 1993, p. 12 (em inglês)
Comentário:
É provável, a esta altura, que o leitor esteja confuso e atônito com tal sucessão de datas proféticas - 1914, 1915, 1918, 1920, 1925, 1941, 1975 e assim por diante. Em todas elas, um ponto comum - a convicção inabalável. Recorreu-se, quando necessário, à piramidologia e à astrologia. Na verdade, o que expomos aqui não passa de uma pequeníssima amostra, pois não haveria espaço adequado nesse artigo para mencionar todas centenas de referências da literatura das Testemunhas de Jeová concernentes a previsões proféticas não cumpridas (infelizmente, para elas - felizmente, para o mundo). O historiador e ex-adepto Jim Penton destaca, em sua obra Apocalipse Adiado (1985), a insistência com que as Testemunhas de Jeová entregam-se, desde seus primórdios, àquilo que tem sido sua autêntica 'marca registrada' - a escatologia milenarista que os adventistas reacenderam no final do século 19. A seqüência histórica que acompanhamos acima permite-nos distinguir três fases a cada previsão: 1) uma empolgação crescente antecedendo as datas marcadas; 2) uma progressiva cautela ao chegar muito próximo delas e 3) uma nova remarcação de datas a cada vez que as previsões não se consumam no prazo previsto. Isto, por si só, é evidência clara de que os clérigos da Sociedade Torre de Vigia estão - há mais de um século - aplicando o método de tentativa e erro, muito embora afirmem, conforme vimos, que estas são "datas de Deus, não de homens". Poderiam tais frustrações sucessivas abalar a fé de muitos na Bíblia? Em caso afirmativo, a quem atribuir a culpa?

"Milhares de leitores dos escritos do Pastor Russell acreditam que ele ocupava a posição daquele 'servo fiel e prudente' [Mateus 24: 45], e que sua grande obra estava provendo à Casa dos Fiéis o alimento em tempo apropriado. Sua modéstia e humildade o impediam de proclamar abertamente esse título, mas ele o admitiu em conversa particular."
- A Sentinela de 1/12/ 1916, p. 357 (em inglês)
"... o escravo fiel e discreto, Pastor Russell."
- O Mistério Consumado, 1917, p. 418 (em inglês)
"As Escrituras indicam que Russell foi escolhido pelo Senhor desde seu nascimento. Os dois mais proeminentes mensageiros foram [o apóstolo] Paulo e o Pastor Russell. Russell é o servo de Mateus 24: 45-47."
- A Sentinela de 1/12/ 1916, p. 6159 (reimpressão em inglês)
"... Em essência, mostramos que a Sociedade é uma organização inteiramente religiosa; que os membros aceitam como seus princípios de crença a santa Bíblia, conforme explicada por Charles T. Russell;..."
Anuário de 1976, p. 106 (em português)
"Todos os Estudantes da Bíblia, seguidores do Pastor Russell,..."
- O Mistério Consumado, 1917, p. 126 (em inglês)
"Não há nada na verdade presente de hoje alguém que possa honestamente dizer que recebeu conhecimento do plano divino de qualquer outra fonte que não o ministério do irmão Russell... Então, repudiá-lo ou à sua obra equivale a repudiar o Senhor..."
- A Sentinela de 1/5/1922, p. 132 (em inglês)
"Quando interrogado sobre quem era o 'servo fiel e prudente', Russell respondia, 'Alguns dizem que sou eu enquanto outros dizem que é a Sociedade; ambos são verdadeiros, já que Russell era, de fato, a Sociedade."
- A Sentinela de 1/3/1923, p. 68 (em inglês)
" [As Testemunhas de Jeová] ...tinham de ser libertadas de... idéias e práticas da religião falsa... Algumas exaltavam criaturas, entregando-se a um culto de personalidade ligado a Charles T. Russell, o primeiro presidente da Sociedade Torre de Vigia..."
- A Sentinela de 1/5/1989, p. 3 (em inglês)
Comentário 1:
O livro Proclamadores (1993) - publicado pelas Testemunhas de Jeová - admite, na página 143, que embora Russell não fosse inicialmente adepto da idéia de um indivíduo como representando o 'servo fiel e prudente' de Mateus 24: 45, mas de uma coletividade, ainda assim ele não rejeitou esta crença em torno dele. Na verdade - diz o livro - este ensino foi advogado pelos Estudantes da Bíblia por 30 anos. Conseqüência: o nome de Russell tornou-se símbolo de um desmedido culto a personalidade. A própria organização confirma isso no último trecho transcrito acima. Ao que tudo indica, a primeira pessoa a sugerir essa idéia foi a esposa do 'pastor', a qual confirmou esse pensamento em uma reimpressão de A Sentinela de 1906. Pouco tempo depois, ela se separaria judicialmente dele (acusando-o de negligência e crueldade). Ainda segundo o livro Proclamadores, Russell teria declinado dessa prerrogativa gloriosa na edição de 15/7/1906 de A Sentinela. Todavia, nesta mesmíssima matéria, embora negando superioridade, ele, paradoxalmente, classifica a si mesmo como "porta-voz de Deus". A data de alguns documentos também mostra que o culto a personalidade prolongou-se até os anos 20 - bem depois de Cristo ter supostamente escolhido a Sociedade como seu "Escravo Fiel", em 1919. A forma como o assunto é freqüentemente abordado nas publicações das Testemunhas de Jeová parece sugerir que a Sociedade Torre de Vigia nada tinha a ver com essa transgressão. Com a finalidade de esclarecer essa questão de maneira incisiva, reservamos para o final a mais pungente prova documental daquilo que parece ir bem além de um 'culto a personalidade' por parte de alguns fiéis. Queira o leitor observar o que diz - sob o título "Um Tributo Pessoal ao Pastor" - a edição de A Sentinela de 1/12/ 1916, p. 6150 (reimpressão em inglês)

Tradução:
"'Ó Senhor, na tua força se alegra o rei; E quanto deseja ele jubilar na tua salvação! Deste-lhe o desejo do seu coração e não retiveste o anseio dos seus lábios. Selah. Pois passaste a ir ao encontro dele com bênçãos de bem e a por-lhe na cabeça uma coroa de ouro refinado. Pediu-lhe vida. Tu lhe deste, longura de dias por tempo indefinido, para todo o sempre. Sua glória é grande na tua salvação. Puseste sobre ele dignidade e esplendor. Pois o constituis altamente abençoado para todo o sempre. Tu o fazes regozijar-se com a alegria da tua face.' Salmos 21: 1-6."
"Realmente, estas palavras aplicam-se com precisão ao nosso amado Irmão e Pastor!"
"Charles Taze Russell, tu foste, pelo Senhor, coroado como rei; e através das eras eternas teu nome será conhecido no meio do povo, e teus inimigos virão e adorarão aos teus pés."
Comentário 2:
Vemos aqui uma das mais assombrosas declarações já publicadas pelo 'Escravo Fiel e Discreto' - a Sociedade Torre de Vigia. Foi lançada logo após a morte de Russell e servida ao rebanho de fiéis como 'alimento espiritual no tempo apropriado'. Cremos que mais de 99% das Testemunhas de Jeová, hoje em dia, jamais leram a declaração acima. Nem jamais imaginariam que sua Organização pudesse publicar algo semelhante. Provavelmente, o teor chocante deste documento fará a Testemunha mediana presumir - e desejar, até - que se trate de uma falsificação. É compreensível que seja assim, pois esta evidência derruba por terra a tese da Sociedade de que houve um simples culto a personalidade por parte de alguns membros, uma devoção ao 'pastor', cujas virtudes o destacavam entre os homens de seu tempo. Não foi apenas isso, foi algo muito mais grave. O que vemos aqui é o endosso - por parte dela, a Sociedade - a um autêntico ato de louvor a Russell, com a aplicação a ele de um Salmo que se sabe representar a Jesus Cristo, coroado pelo próprio Deus. Diante desse documento, parece uma tarefa bastante difícil absolvê-la do envolvimento direto na glorificação de seu fundador - em nível de igualdade a Cristo. Do ponto de vista bíblico, isto equivaleria a, pelo menos, dois delitos gravíssimos: idolatria e blasfêmia. Cremos que as provas aqui expostas, em que o pese a forte impressão que podem produzir no leitor, constituem evidências suficientes para se possa avaliar se o corpo governante das Testemunhas de Jeová possui idoneidade para condenar outras religiões por louvor a criaturas.

"Mentira é a declaração falsa que alguém faz a outrem que tem o direito de ouvir e conhecer da verdade; tal declaração falsa tem o objetivo de prejudicar a outrem. Qualquer declaração falsa, que é feita com o propósito de enganar e prejudicar a outrem, é mentira deliberada e maligna."
- Riquezas, 1936, p. 170, parágrafo 1 (em português)
"Uma Testemunha de Jeová estava no serviço de porta em porta na Alemanha Oriental quando encontrou um violento opositor. Sabendo de imediato o que esperar, ela trocou sua blusa vermelha por uma verde.... um oficial comunista perguntou-lhe se ela tinha visto uma mulher de blusa vermelha. Não, ela disse, e ele foi embora. Disse ela uma mentira? Não, não disse. Ela não é uma mentirosa. Antes, ela estava usando estratégia teocrática de guerra, ocultando a verdade por atos e palavras pelo bem do ministério."
- A Sentinela de 1/5/1957, p. 285 (em inglês)
"A Palavra de Deus ordena: 'Falai a verdade cada um ao seu próximo.' (Efésios 4: 25) Esta ordem, porém, não significa que devamos dizer a qualquer um que nos perguntar tudo o que ele deseja saber. Temos de dizer a verdade àquele que tem o direito de sabê-la, mas, se alguém não tem o direito a isso, podemos ser evasivos. Porém, não podemos dizer uma falsidade... Há, porém, uma exceção que o cristão precisa ter sempre em mente. Como um soldado de Cristo, ele se encontra numa guerra teocrática e precisa exercer extrema cautela quando lida com os adversários de Deus... para proteger os interesses da causa de Deus, é correto ocultar a verdade dos inimigos de Deus."
- A Sentinela de 15/10/1960, pp. 639,640 (em português)
"...isso não significa que uma pessoa está sob obrigação de divulgar informação verídica a quem não de direito... Evidentemente, as ações de Abraão, Isaque, Raabe e Elias em enganar ou esconder os fatos daqueles que não adoravam a Jeová, devem ser vistos na mesma perspectiva."
Estudo Perspicaz das Escrituras II, 1988, p. 245 (em inglês)
"Embora a mentira maliciosa seja errada aos olhos de Jeová, ninguém é obrigado a divulgar informações verídicas a quem não tem o direito de sabê-las."
- A Sentinela de 15/12/1993, p. 25 (em português)
Comentário:
O dicionário de Aurélio B. de Holanda verte 'mentira' por: ato de mentir, falsidade, juízo errado, persuasão falsa. Nesse - como em outros dicionários - não encontramos a definição feita por Rutherford, em 1936, a qual condiciona a definição de 'mentira' ao mérito do ouvinte - aquele que tem ou não 'o direito' à verdade - e ao propósito da mentira. Mais tarde, a Sociedade Torre de Vigia batizou essa interpretação de "estratégia teocrática de guerra" - sugerindo que o compromisso do cristão com a verdade no cotidiano seria violável nas 'trincheiras' dessa 'guerra santa'. Assumindo a definição subjetiva feita por Rutherford há mais de 60 anos e confirmada pela Sociedade até recentemente, restaria apenas saber sobre quem recairia a responsabilidade de determinar especificamente quem tem ou não o direito de saber a verdade e quando se está no 'campo de batalha'. No caso das Testemunhas de Jeová, parece óbvio quem detém tal prerrogativa e é nisso que reside o perigo de tal doutrina. Estaria a religião tacitamente autorizando seus adeptos a mentir para proteger os interesses de sua organização central? Em caso afirmativo, em quê estariam os cristãos se distinguindo, nesse respeito, de organizações criminosas, como grupos islâmicos terroristas ou a máfia, cujos membros mentem para proteger seus interesses? Cristo - a autoridade máxima dos cristãos - falou: "Deixai simplesmente que a vossa palavra 'sim' signifique sim, e o vosso 'não', não, pois tudo o que for além disso é do iníquo." (Mateus 5:37) Caberia a alguma entidade humana redefinir esse conceito?

"Assim, por afastar seus filhos da assim chamada educação 'superior' de hoje, estes pais poupam seus filhos de serem expostos a uma crescente atmosfera de desmoralização, e, ao mesmo tempo, preparam-nos para a vida no novo sistema."
- Despertai! de 8/6/1967, p. 25 (em inglês)
"Muitas escolas agora possuem conselheiros de estudantes que encorajam a buscar educação superior após o ensino médio, a buscar uma carreira de futuro neste sistema de coisas. Não permita que lhe façam 'lavagem cerebral' com propaganda do diabo, para ir adiante e fazer-se alguém neste mundo. O mundo tem muito pouco tempo. Qualquer futuro neste mundo não oferece futuro algum! ...ingresse no serviço de pioneiro... Betel... ou missionário... uma vida que oferece futuro eterno."
- A Sentinela de 15/3/1969, p. 171 (em inglês)
"Se você é um jovem, você também tem de encarar o fato de que você jamais envelhecerá neste sistema de coisas... Caso esteja no nível médio e pensando na universidade, isto implica em, pelo menos, quatro, talvez seis ou oito anos para graduar-se em uma carreira especializada. Mas como estará este sistema de coisas por essa época? Estará bem no rumo de seu fim, se é que já não tenha se acabado!... O que é realmente prático, preparar-se para uma posição neste mundo que logo desaparecerá? Ou trabalhar para sobreviver ao fim deste sistema...?
- Despertai! de 22/5/1969, p. 15 (em inglês)
"Em vista do curto tempo que resta, a decisão de buscar uma carreira neste sistema de coisas não só é tola, mas extremamente perigosa... A muitos jovens irmãos e irmãs foram ofertados bolsas de estudo ou empregos altamente rentáveis. Entretanto, eles recusaram e puseram os interesses espirituais primeiro."
- Ministério do Reino de junho/1969, p. 3 (em inglês)
"Um ancião na Coréia incentivou seus quatro filhos a se tornarem pioneiros... Sua filha mais velha... queria ingressar na universidade, a certa altura. Entretanto, seu pai informou-a que, ao passo que era livre para escolher tal caminho, ela não poderia esperar apoio financeiro dele. Ela mudou de idéia e agora usufrui bênçãos como pioneira. O filho seguinte... uma vez também quis ir para a universidade e seguir um curso secular... Seu pai... disse-lhe que, se insistisse em ter uma carreira secular, também teria que encontrar outro lugar para viver..."
- Ministério do Reino de maio/1973, p. 6 (em inglês)
"...até onde deveriam ir com a educação secular? Dificilmente seria consistente para tais jovens, de escolha própria, procurar estudos seculares extensivos além daquele que é requerido pelo lei e por seus pais... anos adicionais de universidade podem apresentar armadilhas."
- A Sentinela de 1/9/1975, p. 543 (em inglês)
"Muito embora as jovens Testemunhas interessem-se por boa educação, elas não vão em busca do estudo com a intenção de obter prestígio e proeminência... Assim, elas preferem cursos que sejam úteis para seu sustento no mundo moderno. Desse modo, muitos fazem cursos vocacionais ou freqüentam escolas vocacionais. Ao deixarem a escola, eles desejam arranjar trabalho que lhes permita se concentrarem em sua principal vocação, o ministério cristão."
- A Escola e as Testemunhas de Jeová, 1983, p. 5 (em inglês)
"No presente sistema de coisas, sob controle de Satanás, há muitas coisas que parecem prometer grandes benefícios, mas, na verdade, podem ser danosos ao nosso relacionamento com Deus. Coisas como... ir em busca de educação superior para alcançar a posição de alguém... Poucos anos atrás, um jovem cristão... teve a oportunidade de viajar ao exterior para dar prosseguimento a seus estudos... gradualmente, ele perdeu seu apreço pela verdade bíblica... Em um ano ou algo assim, ele perdeu sua fé completamente e declarou-se agnóstico.
- A Sentinela de 15/8/1992, pp. 28,29 (em inglês)
"Esta revista tem enfatizado os perigos do estudo superior, e com razão, pois a educação de nível superior opõe-se ao 'ensino salutar' da Bíblia."
- A Sentinela de 1/11/1992, pp. 16-20 (em inglês)
"Se, no país onde eles vivem, educação de nível mínimo ou até nível médio só lhes possibilitar obter empregos com ganho insuficiente para seu sustento como pioneiros, então educação suplementar ou treinamento podem ser considerados. Isso seria feito com o fim específico do serviço de tempo integral."
- A Sentinela de 1/11/1992, p. 18 (em inglês)
"Note como um jovem, Testemunha de Jeová, usou o raciocínio e conseguiu alcançar alvos espirituais: "Tive a oportunidade de ter uma carreira no jornalismo. Isto me agradava muito, mas lembrei-me do versículo bíblico que diz que 'o mundo está passando', ao passo que 'aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre'... De modo que decidi dar um objetivo à minha vida e alistei-me no ministério de tempo integral como pioneiro regular. Depois de quatro anos gratificantes, sei que fiz a escolha certa."
- A Sentinela de 15/08/2002, p. 24
Comentário:
A Sociedade Torre de Vigia parece bem apercebida do fato de que quanto mais alto o nível de escolaridade do público, tanto mais difícil seu processo de doutrinação. O rebanho cresce mais rapidamente entre os iletrados - não há dúvida. As estatísticas têm mostrado, nos últimos anos, um decréscimo no número de novos convertidos nos países desenvolvidos - na Europa e América do Norte - e um aumento nos países pobres, como a África. Pode-se apenas conjeturar sobre o contingente de pessoas - especialmente nos países de terceiro mundo - que foram severamente prejudicados em sua aptidão para prover o sustento de suas famílias em função de seguir os conselhos do Corpo Governante das Testemunhas de Jeová. O mercado de trabalho, cada vez mais competitivo, nesses e noutros lugares, tem descartado um número crescente de indivíduos sem qualificação superior. Eles ficam excluídos do processo econômico, engordando as fileiras dos sub-empregados, desempregados e miseráveis. Mesmo ciente disto, os líderes da Sociedade Torre de Vigia continuam fazendo - isto se vê pelas datas recentes dos artigos acima - estridentes apelos para que os jovens continuem a renunciar à educação universitária em troca do trabalho não remunerado como vendedores de literatura religiosa da entidade. Como estarão essas pessoas hoje? Quem responderá pelo desamparo econômico delas?

Exemplo 1
Tradução:
O MISTÉRIO CONSUMADO
"Era pensamento do Irmão Russell ter o 'ESTUDOS NAS ESCRITURAS' lançado em sete volumes e em 1886 ele anunciou este fato. Seguindo-se à sua morte, a Sociedade fez com que fosse elaborado e publicado o Volume VII, 'O Mistério Consumado', como um da série de sete anunciados previamente pelo Irmão Russell. As doutrinas colocadas neste estão em exata harmonia com aquelas anunciadas nos outros seis. Que (ele) contém alguns erros é abertamente admitido. Até a Bíblia contém alguns. Por 'erro' nós queremos dizer um mau entendimento ou uma má aplicação. Não contém nenhuma doutrina errada. Tenta transmitir - e, modéstia à parte, sai-se bem em certa medida - a mensagem que parece ser contemplada pela incumbência dada aos seis, descrita em Ezequiel 9."
Comentário:
O trecho acima, extraído de A Sentinela de 1/4/1920, p. 103, trata daquela que provavelmente merece o título de 'a publicação mais comprometedora já lançada pela Sociedade Torre de Vigia' - o livro O Mistério Consumado (1917). Praticamente nenhuma Testemunha de Jeová da atualidade jamais leu uma página desta obra e dificilmente poderia fazê-lo sem sofrer sérios abalos em sua fé. Por meio do texto acima, os editores tentam 'limpar' a imagem do livro tanto quanto possível. Fazem isso por recorrer a uma perigosa estratégia - um paralelo entre O Mistério Consumado e a Bíblia, sugerindo que ambos contém erros. Reconhecer erros no livro publicado pela Sociedade não é tarefa difícil; tanto é assim que ela própria o admite. Porém, ao atribuir erros à Bíblia - com o propósito de absolver os seus próprios - os editores puseram-se diante de uma tarefa espinhosa. Se afirmassem de modo genérico que a Bíblia contém erros, estariam solapando o alicerce do cristianismo, a saber, a crença na inspiração divina. De modo que o produto final - transcrito acima - tenta manter-se dentro dos limites de uma trilha muito estreita: de um lado, os erros das publicações da Sociedade e, do outro, os 'erros' contidos na Bíblia. Observe o leitor que os autores do artigo deram sua definição para 'erro': um mau entendimento ou uma má aplicação. A sentença seguinte usa o pronome neutro it, ao invés de indicar o sujeito da oração; de modo que não se sabe se a afirmação "Não contém nenhuma doutrina errada" refere-se ao livro O Mistério Consumado ou à Bíblia. Tanto pode referir-se a um como a outro. Apenas a próxima sentença refere-se claramente ao livro. O contexto, por sua vez, parece ter sido elaborado com a finalidade de deixar lacunas de entendimento.
Deste modo, a publicação defendida confunde-se com a Bíblia até certo ponto e toma emprestada parte da respeitabilidade dela. É como pensar: 'Bem, o livro das Testemunhas de Jeová contém erros, mas a Bíblia também os contém e nem por isso deixamos de crer nela; assim sendo, devemos desconsiderar os erros do livro'. Todavia, o artigo não esclarece de que modo a Bíblia contém 'maus entendimentos' ou 'más aplicações'. Nenhum exemplo é citado. Nem seria interessante citar. Os autores do texto acima mostram notável habilidade em dar explicações por meio de linguajar dúbio. Não ficam aquém do necessário para mostrar seu ponto nem vão além do que é prudente ir, deixando lacunas de entendimento e duplicidade de sentido. Por assim agirem, põem-se a salvo de posteriores contestações, podendo - em face da permissividade da gramática - afirmar não terem dito o que disseram - 'tudo não passa de um erro de interpretação'. Lamentavelmente, essa prática não é incomum na literatura das Testemunhas de Jeová.
Exemplo 2
"As verdades que apresento, como porta-voz de Deus, não foram reveladas em visões ou sonhos, tampouco pela voz audível de Deus, nem todas elas de uma só vez, mas gradativamente..." (Grifo acrescentado)
- Proclamadores, 1993, p. 143
Comentário:
A declaração acima foi proferida por C. T. Russell e publicada originalmente em A Sentinela de 15/7/1906. Trata-se de mais um notável exemplo de linguagem ambígua. Vejamos: o 'pastor' menciona 'verdades' reveladas e chama a si mesmo 'porta-voz de Deus'. Um porta-voz, por definição, é aquele que fala por alguém, cujos pensamentos e intenções lhe são revelados diretamente. A partir desta afirmação, o leitor é inevitavelmente induzido a presumir que os ensinos de Russell contavam com alguma medida de intervenção divina. Todavia, o 'pastor' afirma que tais 'verdades' não chegaram por meio de sonhos ou visões nem pela voz audível de Deus e conclui a declaração com uma antítese, afirmando que não lhe foram reveladas 'de uma só vez, mas gradativamente'. Se relermos a declaração, verificaremos que a última sentença - referente ao ritmo das revelações - é completamente secundária à questão central não esclarecida: a forma das supostas revelações. O texto começa com três negações - 'nem sonhos nem visões nem voz' - e finda com uma negação e uma afirmação - 'nem de uma só vez, mas gradativamente'. Resumindo, concernente às supostas revelações, o autor disse quatro vezes o que não eram e apenas uma vez o que eram, deixando lacunas a serem preenchidas. Tivesse havido, para cada negação, uma alternativa, a mensagem talvez fosse plenamente compreensível. Contudo, concedamos a Russell outra oportunidade de esclarecer o ponto. Em uma carta a um leitor, ele diz:
"... o autor desses ensinos [Russell] não afirma ser inspirado, mas meramente ter a direção do Senhor, como alguém usado por ele para alimentar seu rebanho."
- Proclamadores, 1993, p. 622
Russell, aqui, ao invés de lançar uma luz definitiva sobre a questão das revelações, torna-a ainda mais obscura, pois coloca, lado a lado, duas palavras cuja diferença é bastante sutil - 'inspirado' e 'dirigido'. A primeira é o termo preferencial no padrão bíblico e aplica-se diretamente aos escritos canônicos. Obviamente, seria demasiado comprometedor para Russell atribuir a si tal prerrogativa. Talvez o maior inconveniente do padrão bíblico é que se alguém for 'inspirado', também será infalível. Todavia, Russell não reivindicou infalibilidade. Ainda assim, era sua intenção que seus ensinamentos fossem obedecidos. Encontrava-se, pois, em um dilema: caso afirmasse ser inspirado, suas palavras teriam de ser seguidas à risca, mas ele não poderia errar. Por outro lado, se afirmasse laconicamente não ter inspiração ou qualquer outro dom de cunho sobrenatural, seu ensino não seria acatado. Russell era homem criativo e habilidoso com as palavras. Assim sendo, sua solução foi dizer-se 'dirigido' - uma cômoda condição onde gozaria simultaneamente dos benefícios da falibilidade e da estrita adesão dos seguidores. Convenientemente, o texto falha em estabelecer a linha limítrofe entre alguém ser "inspirado" ou "dirigido". Todavia, a questão subjacente era uma só - a obediência.
Qual o padrão atualmente adotado pela Sociedade Torre de Vigia? Deixemos que ela própria se expresse:
A organização visível de Deus hoje também recebe orientação e direção teocráticas."
- Poderá Viver para Sempre... , 1982, pág. 195 (em português)
Vemos, assim, que a Sociedade segue rigorosamente a 'escola' de seu fundador, reivindicando para si a ambígua prerrogativa da 'direção' divina. É compreensível que seja assim, pois a organização carece - assim como Russell carecia - da estrita adesão de seus membros a fim de sobreviver institucional e ideologicamente. Também hoje, ela omite-se de esclarecer exatamente qual a divisa entre 'inspiração' e 'direção'. Entretanto, como no passado, o objetivo por trás de tal linguajar dúbio continua a ser um só: a obediência dócil aos seus ensinos, mesmo que se descubra mais tarde estarem em erro.