"Um indício de que nos tornamos vítimas do auto-engano é se ficarmos irados quando nossas crenças são questionadas. Em vez de ficarmos irados, é sábio manter a mente aberta e escutar com atenção o que outros dizem - mesmo quando temos certeza de que a nossa opinião está certa. - A Sentinela de 15 de julho de 2003, p.22

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domingo, 27 de maio de 2012

Ex Testemunha de Jeová relata perseguição que sofre por parte de seus próprios familiares

Conforme relatado por 

Rogério José Barbosa



Caro ser humano igual a mim, pensei no primeiro momento que a vida havia perdido o sentido, chorei por meses talvez anos a ausência de meus pais (um simples bom dia meu filho! me fez muita falta), meu irmão caçula com dez anos de diferença era para mim como um filho, era de família pobre mas trabalhava muitas horas, e por gostar tanto do mais novo e por não permitir que ele passasse as mesmas amarguras financeiras por qual eu havia passado eu juntamente com meus dois outros irmãos mais novos o auxiliávamos financeiramente, meus pais com os pensamentos cristãos (TJ’S) nos proibiam de qualquer tipo de convivência com as pessoas do mundo e por tal motivo não participávamos de nenhuma festa ou comemoração cívica na época escolar, jogos interescolares então nem pensar! Tais coisas pareciam não fazer falta pois tínhamos o convívio dos “irmãos” do “SALÃO”. As festas natalinas nas casas de meus amigos e primos nunca participamos! A data de meu aniversario sequer eu ou meus irmãos sabíamos, mas nada disso importava, fomos criados de verdade por outra “sociedade” de pessoas, nossa cultura nos dava a certeza que éramos diferentes porque todas as outras pessoas que não eram crentes das mesmas “coisas” que eu, eram simplesmente pagãs e não tinham as bênçãos de Deus.

Acontece que como qualquer ser humano me tornei adolescente e com a puberdade veio os namoricos com as “irmãzinhas” (pegava-se nas mãos e acreditava estar namorando), quando me dei conta com quinze anos comecei a namorar uma das irmãs do salão para tanto pedi autorização para meus pais e para os pais dela que no mesmo dia me exortaram que no máximo poderia namorar seis meses e então deveria casar, tal afirmação me despertou medo pois era de família pobre como poderia tão jovem sustentar uma família? E com tão pouco tempo para se estabelecer?

Desisti de namorar oficialmente, passamos a ficar juntos as escondidas, para tanto usava os horários da pregação ( ir de casa em casa para falar de Deus) e das reuniões, tais encontros escondidos começou a me perturbar e a ela também, comecei a questionar os ensinamentos da religião, decidi conhecer novas coisas e na busca de novos conhecimentos encontrei outras pessoas, passei a ouvir tudo que meus colegas no serviço diziam a respeito de suas crenças e neste meio tempo conheci outra menina, que era de religião adversa a qual eu seguia, começava então minha felicidade enquanto pessoa mas o caminho para a “morte” naquele instante passei a trilhar!

Foram muitos meses de namoro escondido, fazia de tudo para que não me vissem com a menina que agora, eu percebia estava apaixonado, querendo ser igual a ela e sem me dar conta, falei que devíamos nos casar, graças a Deus encontrei tal mulher que até hoje é minha esposa, de imediato me advertiu que para casarmos deveríamos estudar, tentar nos estabelecer na vida e aí sim constituir uma família mesmo que humilde financeiramente. No mês seguinte decidi que a apresentaria para meus pais, pois os dela já haviam me conhecido e aprovado meu namoro.

Decepção maior (pensei) foi quando minha mãe perguntou se eu estava certo do que queria, pois eu sabia o que poderia me acontecer por namorar uma “mundana” (pessoa que não é da mesma religião para as TJ’s), indagação que fez com que minha namorada iniciasse a primeira discussão com minha mãe, pois em sua mente tal palavra tinha sentido pejorativo!

De imediato fomos embora e no caminho eu expliquei o que significava tal forma de tratamento. Prosseguimos com nosso namoro e no mês seguinte aparece no meu serviço um ancião e pede para me chamar e me informa que eu deveria comparecer a comissão para tratarmos sobre o meu namoro com a garota que não era testemunha de Jeová.

Meu dia acabou, fiquei ansioso com medo de ser desassociado, mas como, se não havia feito sexo com ela! Comecei então a ser otimista e a pensar no que iria dizer, cheguei em casa e avisei minha mãe, ela me disse que já sabia mas não poderia ter me avisado pois se o fizesse estaria desrespeitando os desígnios de Deus, juntamente com meu pai passou a me fazer perguntas sobre sexo, chorando queria saber se eu e minha namorada estávamos praticando fornicação e se isto tivesse acontecido eu sabia o que me aguardava e que ela e meu pai jamais poderiam conversar novamente comigo, tais afirmações me deram calafrios pois em meu inconsciente eu temia que tal dia chegasse.

Após afirmar para meus pais que não havia “pecado” fui para a comissão de avaliação e após muitas inquirições a respeito de meu namoro pensei ter convencido os três “julgadores” que eu não havia cometido pecado!

Depois daquele dia minha namorada passou até a me acompanhar em algumas reuniões, porém passou também a me expor fatos que me abriram a mente e me fez questionar os ensinamentos ditos de Deus por ex: a proibição de doar ou receber sangue, a proibição de festas de aniversario, natal, jogos, ser militar, cantar o hino nacional, etc..

Nosso namoro graças a DEUS foi se alicerçando e quase dois meses depois da comissão de avaliação, novamente em meu serviço aparece outro ancião, este me informa que estava me investigando e que tinha convicção de que eu já havia praticado fornicação, ao questionar como poderia fazer tal afirmação me disse que pela forma que eu demonstrava carinho para com minha namorada não havia duvida quanto ao que afirmara. Fiquei enojado com tal afirmação, pedi para que ele aguardasse um pouco , pedi a um colega de serviço um cigarro e sai fumando, tossindo, engasgando e disse para o ancião que meu único pecado era eu ter começado a fumar, mesmo porque, criei coragem e decidi que não daria satisfação de minha vida amorosa a ninguém, no mais temi também que minha namorada fosse tratada como “fornicadora” sem ao menos termos nos relacionado intimamente, engraçado que por mim eu teria feito, mas por ela é que tal ato não aconteceu!

Pelo meu ato de ira eu sabia que seria EXPULSO, então a noite, agora na comissão judicativa após os anciãos “orarem” pedindo a DEUS discernimento para julgarem minha vida, passaram a me questionar a respeito de meu namoro, de imediato eu disse que estava fumando, fui interpelado pelo ancião que havia dito estar me investigando que quanto ao cigarro talvez eu pudesse ter começado o vicio naquela semana, porque nunca havia me visto fumar e que eles estavam dispostos a me ajudarem a parar com o vicio desde que submetido as regras do salão (ficar seis meses sem participar da pregação ou comentários), porém quanto ao meu relacionamento se eu confessasse e mostrasse arrependimento verdadeiro as penas seriam as mesmas só que eu deveria me “separar” da “mundana” que estava me levando para a morte.

Irritado, a resposta mais lógica que encontrei foi me desassocia logo e não devo satisfação se fiz ou não sexo com minha namorada, vão cuidar de suas filhas pois a minha namorada tem um pai que sabe dela cuidar.

Naquela noite comecei a sentir o que é ser desprezado pelas pessoas que havia convivido desde pequenino, minha mãe e pai chorando muito me informaram que a partir daquele dia não mais conversariam comigo, que me dariam comida enquanto morasse com eles, mas que após eu casar sequer poderiam sentar a mesa comigo, nunca mais poderiam me cumprimentar, participar de almoço ou qualquer refeição em família e que todos os “irmãos do salão” e meus irmãos de sangue também jamais poderia confraternizar comigo.

Na semana seguinte foi anunciada para toda congregação minha desassociação e a partir daquele dia percebi o que é ser desprezado, humilhado, tratado como ser inferior senti na pele o que é ser a escoria da sociedade (graças a Deus, daquela sociedade a qual eu havia crescido).

Morando na casa de meus pais por mais de quatro anos após minha expulsão, fui me distanciando de minha família, passei a me apegar a meu sogro que por diversas vezes consolou minhas lagrimas e me confortava dizendo que se a crença de meus pais era aquela eu deveria me conformar e aceitar, eu nunca ouvi ele criticar a posição tomada por meus pais, meu irmão mais novo e minha irmã passaram a me tratar como se nunca tivessem me conhecido.

Naquele ano decidi que já poderia me casar, meus pais depois de muito eu pedir decidiram ir ao casamento que foi realizado em um clube sem ritos religiosos pois caso contrario eles não iriam. (ATÉ HOJE NÃO COMEM NA MESMA MESA QUE EU, EVITAM IR A MINHA CASA QUANDO ESTOU PARA VER AS NETAS E QUANDO ESTOU FALAM OI! E VÃO SE EMBORA DIZENDO ESTAREM ATRASADOS)

Os anos passaram minha esposa me incentivou a concluir os estudos, prestei concurso publico, me tornei militar do estado de São Paulo, minhas filhas vieram ao mundo passei a crescer como pessoa a me associar com pessoas de diversas crenças e nenhuma delas acredita nas formas de tratamento que as testemunhas de Jeová dispensam aos seus desassociados, continuei a estudar fiz teologia, diversos cursos de direitos humanos e atualmente estou me graduando em gestão de Recursos Humanos com intuito de me especializar em Gestão de pessoas, onde poderei expor com conhecimentos de causa a como tratar PESSOAS que por algum motivo se sintam diferente, humilhados, poderei mostrar as estas pessoas que vivemos em um país laico onde as crenças devem ser respeitadas, porem que o MAIOR RESPEITO DEVEMOS A DIGNIDADE HUMANA E QUE NENHUMA RELIGIÃO TEM O PODER DE TIRAR ISTO DE NÓS, MESMO QUE QUASE CONSIGAM, LUTAREI PARA NÃO PERMITIR QUE MAIS VIDAS SE PERCAM LITERALMENTE, POR MEDO, DEPRESSÃO, DESGOSTO POR SER TRATADO COMO INFERIOR e enfim poder servir de testemunha viva que no BRASIL independente da religião que se opine seguir, todos somos iguais não só em direitos mas em dever, dentre os quais o de ter uma vida digna sem preconceitos, limitações religiosas e discriminação por não se acreditar naquilo que o outro diz ser a verdade absoluta!

Meu irmão Sebastião Ramos, se desejar enviar para a magistrada este comentário fique à-vontade se desejar expor na internet idem cansei de ver pessoas sofrerem tudo que já sofri, ninguém merece passar por tais constrangimentos, e por incrível que pareça não terem forças para vencer, agradeço a DEUS e a MINHA ESPOSA E FILHAS, AGRADEÇO POR TER CONSEGUIDO, POIS A DEZESSETE ANOS EU NÃO TIVE A SORTE DE TER TE CONHECIDO NEM A CORAGEM DE TER BUSCADO MEUS DIREITOS, você é um guerreiro e pode contar comigo inclusive para testemunhar mesmo por precatória se precisar.

(Caso precise de testemunha me diga o que tenho que fazer, pois poderei fazer por precatória)

ABRAÇOS FRATERNOS!

ROGÉRIO JOSÉ BARBOSA

domingo, 18 de setembro de 2011

Apóstatas ou dissidentes


Translation into English by the end of the matter

Se prestarmos detida atenção nos identificamos aqui com dois termos principais, a saber: Apóstatas e dissidentes. O que significa cada uma dessas palavras?

Apóstata:

A Torre enche a boca para nos chamar assim. Por quê? Porque ela deseja colocar uma imagem negra em cima da nossa pessoa. Lembro-me de quando pesquisava que o termo “apóstatas” me causava um grande incômodo pois ativava e trazia à minha mente tudo que a Torre fala sobre tais, a saber, que são filhos do Diabo, pecadores impenitentes, leprosos espirituais, mentirosos etc, só não chama de gente. E realmente é um termo bem negro pois uma imagem bem trabalhada já foi construída em cima de tal. Para nós até que tanto faz usar esse adjetivo ou não, mas para quem nos visita ou mesmo nos acompanha, tal palavra nos definindo tem um peso bem negativo.

Segundo o Dicionário Aurélio, a palavra apostasia significa:

1. Separação ou deserção do corpo constituído (de uma instituição, de um partido, de uma corporação) ao qual se pertencia.
2. Abandono da fé de uma igreja, especialmente a cristã:
3. Abandono do estado religioso ou sacerdotal.


Mas, segundo as palavras da Torre, apostasia significa:

Talvez afirmem também servir a Deus, mas rejeitam os representantes dele, Sua organização visível, e depois passam a “espancar” seus anteriores companheiros, para impedir a obra destes. Os apóstatas freqüentemente procuram fazer de outros seus seguidores. – it-1 p. 158


Observam a diferença? Quando nos definimos como apóstatas as TJs que nos visitam não irão observar o conceito do dicionário, mas sim o da Torre, que é o mais negativo possível. Nós levamos em conta o conceito etimológico da palavra apóstata, o conceito realmente significativo e honesto, mas não ocorre o mesmo com a grande maioria das TJs que nos visitam. Quando nos auto-definimos como apóstatas estamos na realidade dando uma mãozinha para a Torre.

Dissidente:

Este termo é bem mais interessante de ser usado. Primariamente não é carregado de tanta negatividade como o anterior e, além disso, a Torre não tem o costume de definir assim quem resolve sair dos seus muros, questionar suas diretrizes, etc. Uma busca no CD-ROM não irá retornar nenhuma referência negativa a esta palavra. Isso já é uma grande coisa.

Segundo o Aurélio, dissidente significa:

1.Que diverge das opiniões de outrem ou da opinião geral.
2.Que se separa de uma corporação por discordância de opiniões; separatista, cismático, díscolo.
3.Indivíduo dissidente.


Como podemos ver, apóstata e dissidente, no campo gramatical são ‘quase’ sinônimos pois se referem a quem se apartou de algo. Agora, a grande questão é que, como eu já disse, a palavra apóstata tem a capacidade de gerar um peso na consciência das TJs. Para elas, “apostata” chega a ser quase que um palavrão, uma coisa imunda, impura, sórdida e fétida. Quando um de nós diz “eu sou apóstata” está na realidade aceitando tudo de negativo e depreciativo que a Torre joga em cima de tal palavra. É como se a Torre nos chamasse de bandidos e nós estivéssemos aceitando de bom grado tal definição, pois apóstata está praticamente colocado no mesmo nível pela Torre.

Então, amigos, é essa questão que eu queria trazer à luz. Será que realmente é vantajoso nos auto-denominarmos apóstatas? Não seria mais interessante, visando a uma melhor imagem, evitarmos essa palavra ao nos definirmos?


Translation into English

If we pay close attention here we identify two main terms, namely: apostates and dissidents. What does each of these words?

Apostate:
The Tower fills the mouth to call us as well. Why? Because she want to put a black image on top of our person. I remember when searching the term "apostate" caused me great discomfort since activated and brought to mind all that talk about such a tower, namely the children of the devil, unrepentant sinners, lepers spiritual, liars etc. just do not call us. It really is a term for a black and well-crafted image has been built on top of that. To do so until we use that adjective or not, but for those who visit us or with us, this word has a weight in defining and negative.
According to the dictionary, the word apostasy means:
1. Separation or desertion of the body constituted (from an institution or a party, a corporation) to which they belonged.2. Abandonment of the faith of a church, especially the Christian:3. Abandonment of the priestly or religious state.
But, in the words of Torre, apostasy means:
Perhaps also claim to serve God but reject his representatives, his visible organization, and then move on to "beat" his former comrades to prevent the work of these. Apostates often seek to make others their followers. - It-1 p. 158

Notice the difference? When we define as apostate Jehovah's Witnesses who visit us will not observe the concept of the dictionary, but the Tower, which is the most negative possible. We take into account the concept of etymological word apostate, does it really meaningful and honest, but not the case with the vast majority of Jehovah's Witnesses who visit us. When we self-define as apostates we are actually giving a helping hand to the Tower.
Dissident:
This term is more interesting to use. Primarily it is not loaded as much negativity as the previous one and, moreover, the Tower is not usually set so who decides to leave its walls, to question their policies, etc.. A search on the CD-ROM will not return any negative reference to this word. This is already a great thing.
The word `maverick means:

1.That differs from the opinions of others or the general opinion.2.What is separated from a corporation by different opinions, separatist, schismatic, díscolo.3.Indivíduo dissident.
As we see, apostate and dissident in the field grammar are 'almost' synonymous because they relate to those who separated themselves from something. Now the big question is, as I said, the word apostate has the ability to generate a guilty conscience of TJs. For them, "apostate" to be almost a dirty word, something dirty, unclean, filthy and smelly. When one of us says "I am apostate" is in fact accepting everything negative and derogatory Tower plays upon the word. It is as if the tower called us bandits and we were gladly accepting this definition since it is practically apostate placed on the same level by the Tower.
So, friends, is this question that I wanted to bring to light. Is it really advantageous to call ourselves apostates? Would not it be interesting, with a view to a better image, we avoid that word to define ourselves?