"Um indício de que nos tornamos vítimas do auto-engano é se ficarmos irados quando nossas crenças são questionadas. Em vez de ficarmos irados, é sábio manter a mente aberta e escutar com atenção o que outros dizem - mesmo quando temos certeza de que a nossa opinião está certa. - A Sentinela de 15 de julho de 2003, p.22

quarta-feira, 29 de junho de 2011

"Milhões Que Agora Vivem Jamais Morrerão"?

"Milhões Que Agora Vivem Jamais Morrerão"?,
ou "...Talvez Jamais Morram"? - Qual?

Brasil, 6 de Setembro de 2002

Gostaria de aprender como transformar uma declaração embaraçosa numa pérola de sabedoria?
A Sociedade Torre de Vigia é mestre em revisar sua história de modo a colocá-la em luz um pouco menos desfavorável. Aliás, a Sociedade consegue às vezes um pouco mais do que isso: Consegue transformar algo totalmente embaraçoso em algo que evoca visão de futuro e, por incrível que pareça, sabedoria. O que você vai ler a seguir é apenas um exemplo desta fantástica habilidade.
As palavras acima, de Joseph Rutherford, têm sido repetidas inúmeras vezes desde que ele as pronunciou pela primeira vez lá em 1918. Mas o que entende você por estas palavras? Ao que estava ele se referindo? E, principalmente, como usa a Sociedade Torre de Vigia estas palavras hoje?
Considere a seguir algumas referências àquele discurso de Rutherford nas publicações da Sociedade:

A Sentinela de 15/2/95 "Haverá Uma Ressurreição dos Justos" (Em apenas um parágrafo, note o uso das expressões "profetizou-se", "o povo de Deus", "foi entendido" etc.):
2 Apesar dos últimos avanços na medicina, a morte ainda reina até mesmo hoje. Embora isso não seja nenhuma surpresa, alguns talvez tenham ficado um tanto desapontados quando afinal se viram diante deste inimigo de longa data. Por quê? Bem, lá nos anos 20, a Sociedade Torre de Vigia proclamou a mensagem: "Milhões que agora vivem jamais morrerão." Quem seriam esses milhões? As "ovelhas" mencionadas por Jesus nas suas observações sobre as ovelhas e os cabritos. (Mateus 25:31-46) Profetizou-se que essas pessoas que são como ovelhas surgiriam no tempo do fim, e que sua esperança seria a de ter vida eterna na terra paradísica. Com o passar do tempo, o povo de Deus obteve um entendimento melhor da posição que essas "ovelhas" têm nos propósitos de Jeová. Foi entendido que esses obedientes seriam separados dos obstinados "cabritos", e que, depois da destruição desses últimos, as ovelhas herdariam o domínio terrestre do Reino, preparado para elas. (sublinhado acrescentado)

A Sentinela 15/12/90 "Quem Ouve Diga: Vem!":
11 Por décadas este convite "vem!" tem sido feito a pessoas sedentas da "água da vida". Mesmo nos idos de 1918, a classe-noiva começou a pregar uma mensagem que dizia respeito em especial aos que teriam a oportunidade de viver na terra. Foi o discurso público intitulado "Milhões Que Agora Vivem Talvez Jamais Morram". Este apresentou a esperança de que muitos sobreviveriam ao Armagedom e depois ganhariam a vida eterna na terra paradísica sob o Reino messiânico de Deus. Mas, essa mensagem não mostrou em definitivo qual era a maneira de se alcançar esse privilégio de sobrevivência, exceto pela justiça em geral. (sublinhado acrescentado)

A Sentinela 1/1/90 "Não Nos Envergonhamos das Boas Novas":
19 A oração-modelo que Jesus ensinou a seus discípulos será atendida: "Nosso Pai nos céus, santificado seja o teu nome. Venha o teu reino. Realize-se a tua vontade, como no céu, assim também na terra." (Mateus 6:9, 10) Quando isso acontecer, os amorosos discípulos de Jesus nada terão do que se envergonhar. O nome de Jeová será reverenciado, santificado, não apenas por milhões que hoje vivem e que não precisarão morrer, mas também por bilhões dos da humanidade a quem ele chamará de suas sepulturas durante o seu governo do Reino, de mil anos. Eles terão a oportunidade de viver para sempre numa terra paradísica. (sublinhado acrescentado)

A Sentinela 1/1/84 "Os Vivos com Fé Que Nunca Morrerão":
3 Homens e mulheres deste século 20 foram alertados a esta esperança notável no domingo, 24 de fevereiro de 1918, em Los Angeles, Califórnia, EUA. Ali, pela primeira vez, o então presidente da Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados (dos EUA) proferiu o discurso público intitulado: "O Mundo Terminou . . . Milhões Que Agora Vivem Talvez Jamais Morram." Isto se deu no mesmo tempo em que a Primeira Guerra Mundial, que havia envolvido os Estados Unidos da América, estava chegando ao seu clímax. O prosseguimento com outros proferimentos dessa conferência bíblica que marcava época foi interrompido, especialmente quando pouco depois, em 8 de maio de 1918, o presidente desta Sociedade Torre de Vigia e sete dos seus associados na sede em Brooklyn, Nova Iorque, foram presos. (itálico acrescentado)

Mas o que disse Rutherford de fato?
Como viu acima, de modo a confundir o leitor desatento, a Sociedade se refere ao discurso de Rutherford às vezes como "Milhões Que Agora Vivem Jamais Morrerão" e outras vezes como "Milhões Que Agora Vivem Talvez Jamais Morram", o que é uma sutil, capciosa, mas significante - e desonesta - alteração do título original da brochura de J.F.Rutherford!
Muitas Testemunhas de Jeová hoje jamais teriam a oportunidade de ver cópias das publicações antigas da Sociedade. Muitas delas têm sido destruídas pelo tempo ou foram retiradas de acesso ao público pela Sociedade. Com a Internet, porém, todo este quadro mudou. Existem várias cópias destas publicações por aí. Recentemente nos deparamos com uma cópia da brochura Milhões Que Agora Vivem Jamais Morrerão (Millions Now Living Will Never Die), publicada em 1920, e ficamos espantados, embora não surpresos, com o que lemos. Aqui estão alguns trechos dela com um 'scan' da página original ao lado.

O parágrafo em destaque ao lado diz o seguinte:
"Com base nos argumentos até aqui apresentados, de que a velha ordem de coisas, o velho mundo, está acabando e por conseguinte passando, de que a nova ordem é iminente, e de que 1925 marcará a ressurreição dos valiosos fiéis do passado, é razoável concluir que milhões de pessoas agora na Terra ainda estarão nela em 1925. Portanto, baseado nas promessas estabelecidas na Palavra divina, nós não podemos senão chegar à positiva e indisputável conclusão de que milhões que agora vivem jamais morrerão."
(ênfase acrescentada)
Muitas Testemunhas estão à par do fato de que a Sociedade proclamou o "Fim do Mundo" para acontecer em 1914. É dito a elas posteriormente, e aceitam, que devido a um "melhor entendimento" e a uma "luz que clareia mais e mais", "percebeu-se" que um ajuste precisava ser feito no que "acreditava-se" estar incorreto, e que embora 1914 ainda era um ano significativo, ainda havia trabalho a ser feito na terra em publicar as "boas novas" antes do fim chegar.
Até aqui nada de muito espanto. Ocorre, contudo, que a Sociedade já havia profetizado este mesmo evento para 1874, e então para 1914, e então para 1918 e agora, nesta brochura, para 1925! E como se isso não bastasse, os "fiéis dos tempos antigos" eram para ser ressuscitados em 1925.
O que Rutherford de fato defendeu em seu discurso, que depois virou brochura, foi que eles tinham chegado a uma "positiva e indisputável conclusão" de que milhões jamais morreriam, pasmem, porque o Armagedom era para vir em 1925!

Mas o quê o levaria a dizer aquilo?
Para as Testemunhas de Jeová da época, o "juiz" Rutherford era o "escravo fiel e discreto". Era dele de quem se esperava que fornecesse o "alimento certo no tempo apropriado". Para elas, ele era aquele que atuava como porta-voz de Jeová. Mas se for assim, como é que podia ele dizer tais coisas? Estaria Jeová o instruindo a alimentar o povo Dele com falsas informações, falsas profecias, MENTIRAS? Isto é inimaginável!
Você já deve ter concluído que o que o "juiz" Rutherford estava a fazer era simplesmente dando a sua opinião e oferecendo suas interpretações para milhares de ludibriáveis seguidores, enquanto ele próprio ceifava a admiração e o estilo de vida proporcionado a ele pelas generosas contribuições de seus insuspeitos seguidores.
Um outro impressionante fato que vêm à mente quando se pensa nisso, diz respeito aos "fiéis dos tempos antigos". O que é fantástico é que a Sociedade não apenas promoveu aquela idéia no começo dos anos 20, inclusive publicando instruções para as crianças quanto à como cumprimentar esse fiéis homens do passado, mas a Sociedade foi ao ponto de construir uma enorme casa em San Diego, Califórnia, para eles. Ela foi chamada Beth Sarim (significando Casa dos Príncipes) e tinha os nomes dos "fiéis dos tempos antigos" na escritura. Ao passo que sabemos que San Diego é um bonito lugar e que Abraão, Isaque, Jacó, Moisés etc. amariam morar lá, não morreram todos eles no Oriente Médio, Palestina? Por que seriam eles ressuscitados na Califórnia, EUA?
Na verdade, a única pessoa a se beneficiar com a construção dessa casa foi o próprio Rutherford, que viveu lá, usufruindo do luxo daquela casa espaçosa e bem mobiliada, bem como do uso de dois Cadillacs, ao passo que o restante do povo nos Estados Unidos, incluindo as Testemunhas, lutava para sobreviver em meio à famosa Grande Depressão econômica da época.
Como viu, temos muito o que aprender com a Sociedade na arte da distorção!

Fonte:http://observandoomundo.org/artigo.php?cod=40

Um comentário:

  1. Estoue estudando o livro Proclamadores e o que foi dito aqui é exatamente que há no proprio livro da história das TJs, só que ela fecham os olhos para os erros do Corpo Governante, mas que fica de olho nos erros dos seus membros, os desassociando e excluindo-os...lamentável tamanha ignorância...

    Lifenew

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